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Johannesson anuncia vitória nas eleições da Islândia

26/06/2016 00h07

Copenhague, 25 jun (EFE).- O historiador Gudni Th. Johannesson, claro favorito segundo as pesquisas, desponta como vencedor das eleições presidenciais realizadas neste sábado na Islândia, segundo a apuração provisória.

Apuradas quase 50% dos votos, Johannesson obtém cerca de 38%, seguido pelos 29,8% da empresária Halla Törnasdottir, enquanto o ecologista Andri Snaer Magnason e o ex-primeiro-ministro David Oddsson possuem 14% e 13,2%, respectivamente.

Jóhannesson lidera a apuração nos sete distritos eleitorais nos quais se divide este país de cerca de 330 mil habitantes, em uma eleição disputada em turno único.

Se for confirmada a vitória, Johannesson, sem experiência política prévia, substituiria o presidente com mais tempo no cargo, Olafur Ragnar Grimsson, que ocupou o posto durante 20 anos, e que após anunciar em um primeiro momento que concorreria à reeleição, optou finalmente por retirar sua candidatura.

Johannesson apareceu na madrugada deste domingo no canal "RUV" para comemorar o que parece ser sua vitória, assim como seu 48º aniversário, e afirmou que embora não tenham sido contados todos os votos acredita que "a vitória está nas mãos".

O candidato que lidera a apuração expressou seu agradecimento a seus seguidores e disse que o povo pode confiar nele.

"O futuro é brilhante. Vamos comemorar nossa existência", declarou.

Johannesson disse que lhe aguardam muitos desafios e tarefas como presidente da Islândia, um cargo sobretudo simbólico, visto que o poder real está nas mãos do primeiro-ministro eleito nas urnas.

Ele acrescentou que assumirá o cargo no começo de agosto, segundo o costume e a tradição islandesa, e afirmou que quase com toda segurança vai para as eleições parlamentares deste outono (hemisfério norte).

O presidente anterior, Grimsson, tinha dito em seu discurso de Ano Novo que não concorreria um sexto mandato, mas mudou de ideia três meses depois apelando para a crise política do início de abril, quando houve a divulgação dos chamados Panama Papers, embora finalmente tenha desistido devido ao surgimento de outros candidatos de peso.

As informações da imprensa sobre o uso de sociedades em paraísos fiscais de personalidades de diferentes âmbitos em nível internacional provocaram a renúncia há dois meses do primeiro-ministro, o centrista Sigmundur David Gunnlaugsson.

O escândalo do Panama Papers, que também atingiu a família do presidente, provocou uma onda de protestos na Islândia que lembraram às de 2008 com a crise financeira, sofrida especialmente por este país e que derrubou o então governo do conservador Geir H. Haarde.

O provável futuro presidente, o sexto desde a independência do país da Dinamarca em 1944, tinha prometido em campanha superar o clima de confronto e decepção causado por esse escândalo.

Grimsson chegou a usar até três vezes seu direito de veto, as duas últimas para obrigar a fazer um referendo sobre uma lei do parlamento islandês para pagar os governos britânico e holandês o dinheiro antecipado a seus poupadores, após a quebra do banco islandês Icesave em 2008.

Gudni Th. Johannesson defendeu uma reforma constitucional que permita que sejam convocadas consultas populares se uma porcentagem dos eleitores quiser, e transformar o presidente em uma figura mais simbólica que até agora.

Halla, à qual as pesquisas indicavam uma tendência ascendente nos últimos dias, consegue um surpreendente segundo lugar na frente de que a priori pareciam os principais rivais do ganhador.

A empresária islandesa pode ter se beneficiado de sua decisão de se manter à margem dos ataques feitos em campanha contra Johanesson por outros candidatos, sobretudo pelo ex-primeiro-ministro e ex-governador do Banco Central David Oddsson, atual editor do "Morgunbladid", principal jornal islandês.

Oddsson, que impulsionou políticas neoliberais em seus últimos governos, foi assinalado pelo relatório de uma Comissão Parlamentar divulgado em 2010 como um dos responsáveis da crise que colocou a Islândia à beira do colapso em 2008.

Johannesson, que neste domingo completa 48 anos, é professor associado de história na Universidade da Islândia e carece de experiência política prévia.