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Justiça do Vaticano ditará amanhã sentença sobre caso "Vatileaks 2"

06/07/2016 16h52

Cidade do Vaticano, 6 jul (EFE).- A Justiça do Vaticano deve ditar amanhã a sentença do processo por divulgação de documentação sigilosa da Santa Sé no qual cinco pessoas foram acusadas.

O Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano convocou uma audiência para às 11h30 (horário local, 6h30 em Brasília) onde os acusados poderão dar as últimas palavras. Em seguida, os juízes sairão para deliberar e, posteriormente, é esperado, segundo o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, que ditem a sentença em primeira instância para este processo, que começou em 24 de novembro.

Isto se produzirá depois que nos últimos três dias se tenham escutado a fala do procurador de justiça e as alegações finais dos advogados dos acusados, que solicitaram a absolvição para seus respectivos clientes. O principal acusado é o padre espanhol Lúcio Vallejo e os atos se emolduram em torno do funcionamento da já extinta Comissão Investigadora dos Organismos Econômicos e Administrativos da Santa Sé (COSEA), onde Vallejo era secretário e de onde veio a maior parte da documentação divulgada.

Também são acusados os ex-membros desta organização Francesca Chaouqui e Nicola Maio e os jornalistas que publicaram em livros a informação sigilosa, Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi. Vallejo, Chaouqui e Maio são acusados de divulgação de segredos e de formação de quadrilha, enquanto os jornalistas só respondem a primeira acusação.

Ontem os advogados de Vallejo e de Chaouqui pronunciaram suas alegações finais e hoje foi o a vez dos demais acusados.

A advogada de Maio, Rita Claudia Baffioni, disse que o promotor "não conseguiu provar a culpabilidade" de seu cliente e destacou que, entre as várias mensagens trocadas entre os acusados, "nenhuma é de Maio". Ressaltou que os jornalistas confessaram que tinham conhecido Maio durante o processo e reivindicou sua absolvição, reforçando que "é evidente que ele é alheio a todos os fatos".

Já o advogado de Nuzzi, Roberto Palombi, qualificou seu cliente como "um cidadão italiano que exerceu a liberdade de imprensa sem prejudicar nem sequer minimamente a paz e a segurança do Estado Vaticano".

A defesa de Fittipaldi, Lucia Teresa Musso, afirmou que seu cliente, ao publicar a informação, "defendeu a liberdade de imprensa e o direito do leitor a estar informado" e ressaltou que a promotoria não encontrou bases para culpá-lo.

Após a intervenção dos advogados foi o momento da réplica dos procuradores, que se centraram especialmente em evidenciar que há provas que Francesca participou da transferência de dados, uma tese rebatida firmemente por sua advogada. O promotor Roberto Zannotti aludiu ao comportamento "estranho" da acusada, que em princípio confessou sua participação, mas depois mudou de versão e afirmou que no celular que usou na fase de investigação tinha apagado o aplicativo de Whatsapp, de onde aparentemente mandou informação secreta.

Ela reiterou sua solicitação de pena: três anos e nove meses de prisão para Francesca, três anos e um mês para Vallejo, um ano e nove meses para Maio, um ano para Nuzzi e a absolvição de Fittipaldi.