Mineiro havia feito ameaças públicas a vice-ministro boliviano assassinado
Um dirigente mineiro boliviano fez ameaças públicas contra o vice-ministro de Regime Interior, Rodolfo Illanes, assassinado depois de ter sido sequestrado pelos mineiros, revelou nesta sexta-feira (26) a rádio "Erbol".
O presidente da Cooperativa 20 de Octubre da mina Siglo XX de Potosí, Josué Caricari, fez várias ameaças a Illanes caso novas operações policiais fossem realizadas contra os bloqueios feitos pelos operários na cidade de Panduro, a 180 quilômetros de La Paz. Nas declarações, reproduzidas hoje pela emissora de rádio, Caricari fala com ênfase as ameaças e menciona que Illanes era um refém dos manifestantes.
"O vice-ministro está conosco. Se acontecer alguma coisa, ele é o primeiro que vamos usar. Temos duas gavetas (túmulos)", diz ele, ameaçando também um policial que é refém.
O mineiro disse ainda que, durante todo o tempo, os dirigentes das cooperativas mineiras tiveram claro que se houvesse alguma perda humana no grupo o vice-ministro pagaria por ela e depois afirmou que ele pessoalmente se encarregaria de "pendurar" Illanes. Embora o governo ainda não tenha confirmado, de acordo com os dirigentes mineiros, um trabalhador morreu depois de ser baleado ontem em Panduro e se tornar a terceira vítima do lado dos mineradores.
Depois dos novos enfrentamentos entre mineiros e policiais, Caricari disse que seu irmão sofreu uma tentativa de assassinato e que ele estava indo ao cativeiro do vice-ministro.
"Quase assassinaram o meu irmão. Agora sim o vice-ministro vai me conhecer. Se querem me matar, que me matem junto com esse vice-ministro. Estou indo até a antena", advertiu Caricari.
Diferentes relatos indicam que Illanes estava retido exatamente perto de uma antena montada sobre um morro e seu corpo foi visto pela primeira vez a 50 metros desse local e na madrugada de hoje foi recolhido de uma estrada.
Os relatórios preliminares do Instituto Médico Legal indicam que Illanes, um advogado de 58 anos, morreu após um derrame provocado por agressões físicas, indicou o promotor de La Paz, Edwin Blanco.
O presidente Evo Morales afirmou hoje que o assassinato de seu vice-ministro é "imperdoável" e decretou luto nacional de três dias, sem suspensão das atividades.
"O falecimento do irmão vice-ministro Illanes dói muito, porque é uma atitude tão covarde. O sequestram, torturam e o matam", disse Morales.
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