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Dissidente cubano volta pra casa após 4ª hospitalização por greve de fome

28/08/2016 18h28

Havana, 28 ago (EFE).- O dissidente cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome e sede há 39 dias, está novamente em sua casa e "com ânimo" após ser hospitalizado pela quarta vez desde que começou seu protesto e receber tratamento de reidratação intravenosa.

Fariñas retornou a seu domicílio na tarde de sábado, após permanecer durante mais de seis horas internado em uma unidade de terapia intensiva do hospital provincial Arnaldo Milián Castro da cidade de Santa Clara, onde vive, explicou neste domingo à Agência Efe por telefone seu porta-voz, Jorge Luis Artiles.

O opositor perdeu a consciência ontem e foi levado por seus familiares ao hospital, onde chegou com "acidose metabólica", devido ao prolongado jejum que mantém, detalhou Artiles, integrante do grupo opositor ilegal Fórum Anti-Totalitário Unido (Fantu), liderado por Fariñas.

Artiles disse que Fariñas "hoje amanheceu com ânimo" e recebeu o segundo chefe da embaixada dos Estados Unidos em Cuba, Scott Hamilton, que "veio para saber de seu estado e esteve cerca de uma hora e meia conversando com ele".

De acordo com o porta-voz do Fantu, Fariñas garantiu ao diplomata americano que "se manterá em greve até que o governo de Cuba se pronuncie sobre suas exigências".

Guillermo Fariñas, prêmio Sakharov 2010 do parlamento europeu pela defesa dos direitos humanos, começou este jejum no último dia 20 de julho para exigir ao governo cubano a cessação da repressão contra os dissidentes e um diálogo com a oposição.

Na semana passada integrantes do Fantu pediram ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que realizasse uma "ação salvadora" e fizesse uso de "sua sagacidade política" para preservar a vida de Fariñas.

Nos últimos dias, o opositor também foi visitado por representantes da embaixada da Alemanha e da delegação da União Europeia (UE).

Guillermo Fariñas, de 54 anos, acumula desde 1995 um total de 25 greves de fome com a atual, a última até agora em 2010, quando fez 100 dias de jejum, a maior parte deles hospitalizado, para pedir ao governo a libertação de um grupo de opositores presos doentes.

Por sua parte, o governo de Cuba considera os dissidentes "contrarrevolucionários" e "mercenários".