Temer arruma as malas para o G20 e confirma fim do Brasil "bolivariano"
Eduardo Davis.
Brasília, 31 ago (EFE).- O presidente Michel Temer, que foi confirmado no cargo nesta quarta-feira após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, está arrumando suas malas para viajar rumo à Cúpula do G20 na China e também se prepara para decretar o fim do Brasil "bolivariano" em âmbito regional.
Temer aguardava a conclusão do julgamento político que hoje finalmente destituiu Dilma do cargo para confirmar sua primeira viagem ao exterior como governante de pleno direito, que ele empreenderá quase que imediatamente e terá como destino a China, sede da Cúpula do G20.
A intenção do agora presidente efetivo é apresentar aos líderes das maiores economias do planeta seus planos para tirar o Brasil do abismo econômico em que o país vem afundando nos últimos anos, que incluem desde duros cortes dos gastos públicos até um ambicioso plano de privatizações que ainda não foi detalhado oficialmente.
Segundo confirmaram à Agência Efe fontes oficiais, após sua viagem à China, Temer já tem planejada uma ampla agenda no exterior, que incluirá uma viagem aos Estados Unidos em setembro, onde ele será responsável pelo discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, que tradicionalmente cabe ao chefe de Estado do Brasil desde 1947.
Em outubro, Temer deve visitar a Índia, sede da cúpula anual dos Brics, grupo que o Brasil integra junto com esse país, China, Rússia e África do Sul, e também a Colômbia, para comparecer à Cúpula Ibero-Americana, que será realizada em Cartagena das Índias no fim desse mês.
Nos planos imediatos de Temer também estão visitas a Argentina e Paraguai, os dois países do Mercosul com os quais manteve contatos mais próximos desde que assumiu a presidência de forma interina, no dia 12 de maio, quando Dilma foi afastada de suas funções para responder ao julgamento político que acabou com sua destituição.
Foi precisamente no âmbito do Mercosul que o Brasil de Temer deixou claro qual será a orientação de sua política externa, que indica um distanciamento dos países do arco bolivariano, que é liderado pela Venezuela desde os tempos do falecido Hugo Chávez.
Os primeiros sinais de um conflito que ainda está por vir surgiram em maio, quando Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua e Cuba, cada um à sua maneira, advertiram sobre uma possível "ruptura da ordem democrática" no Brasil pela abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
O governo Temer respondeu imediatamente, se pronunciou em defesa da legalidade do processo e emitiu uma nota oficial na qual manifestou seu "repúdio" frente às posições desses países, os quais acusou de "propagar falsidades".
Nesta terça-feira, antes que Dilma fosse impedida de exercer seu cargo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou a intenção de convocar seu embaixador no Brasil, José Antonio Kinn, se isso ocorresse.
"Se o golpe parlamentar contra o governo democrático de Dilma prosperar, a Bolívia convocará seu embaixador. Defendamos a democracia e a paz", escreveu Morales no Twitter.
Anteriormente, Morales já havia criticado a posição do Brasil de Temer em relação ao conflito gerado com a presidência do Mercosul.
Junto com Paraguai e Argentina, o Brasil liderou a rejeição que a Venezuela assumisse a presidência temporária do Mercosul, que por ordem alfabética lhe correspondia, depois que o Uruguai desistiu de seguir com essa responsabilidade no fim do mês de junho, quando cumpriu seu período de seis meses.
O governo Temer dinamitou totalmente as pontes que Dilma e seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, tinham erguido com a Venezuela de Chávez, que foram mantidas assim que Nicolás Maduro chegou ao poder.
Além de rejeitar que a Venezuela assuma a presidência do Mercosul, com a justificativa de que o país ainda não se adaptou totalmente à legislação do bloco, o chanceler do novo governo brasileiro, José Serra, qualificou o governo de Maduro de "autoritário" e "não democrático".
Nos três meses em que está no cargo, no qual deverá ser confirmado agora, Serra também manifestou seu mais claro apoio à oposição venezuelana e a sua "luta" para seja realizado um referendo para revogar o mandato de Maduro ainda este ano.
"Se o referendo não for realizado este ano, será uma completa farsa", declarou Serra duas semanas atrás, quando recebeu parlamentares da oposição venezuelana, que durante os governos de Lula e Dilma tinham sido totalmente ignorados pelas autoridades brasileiras.
Brasília, 31 ago (EFE).- O presidente Michel Temer, que foi confirmado no cargo nesta quarta-feira após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, está arrumando suas malas para viajar rumo à Cúpula do G20 na China e também se prepara para decretar o fim do Brasil "bolivariano" em âmbito regional.
Temer aguardava a conclusão do julgamento político que hoje finalmente destituiu Dilma do cargo para confirmar sua primeira viagem ao exterior como governante de pleno direito, que ele empreenderá quase que imediatamente e terá como destino a China, sede da Cúpula do G20.
A intenção do agora presidente efetivo é apresentar aos líderes das maiores economias do planeta seus planos para tirar o Brasil do abismo econômico em que o país vem afundando nos últimos anos, que incluem desde duros cortes dos gastos públicos até um ambicioso plano de privatizações que ainda não foi detalhado oficialmente.
Segundo confirmaram à Agência Efe fontes oficiais, após sua viagem à China, Temer já tem planejada uma ampla agenda no exterior, que incluirá uma viagem aos Estados Unidos em setembro, onde ele será responsável pelo discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, que tradicionalmente cabe ao chefe de Estado do Brasil desde 1947.
Em outubro, Temer deve visitar a Índia, sede da cúpula anual dos Brics, grupo que o Brasil integra junto com esse país, China, Rússia e África do Sul, e também a Colômbia, para comparecer à Cúpula Ibero-Americana, que será realizada em Cartagena das Índias no fim desse mês.
Nos planos imediatos de Temer também estão visitas a Argentina e Paraguai, os dois países do Mercosul com os quais manteve contatos mais próximos desde que assumiu a presidência de forma interina, no dia 12 de maio, quando Dilma foi afastada de suas funções para responder ao julgamento político que acabou com sua destituição.
Foi precisamente no âmbito do Mercosul que o Brasil de Temer deixou claro qual será a orientação de sua política externa, que indica um distanciamento dos países do arco bolivariano, que é liderado pela Venezuela desde os tempos do falecido Hugo Chávez.
Os primeiros sinais de um conflito que ainda está por vir surgiram em maio, quando Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua e Cuba, cada um à sua maneira, advertiram sobre uma possível "ruptura da ordem democrática" no Brasil pela abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
O governo Temer respondeu imediatamente, se pronunciou em defesa da legalidade do processo e emitiu uma nota oficial na qual manifestou seu "repúdio" frente às posições desses países, os quais acusou de "propagar falsidades".
Nesta terça-feira, antes que Dilma fosse impedida de exercer seu cargo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou a intenção de convocar seu embaixador no Brasil, José Antonio Kinn, se isso ocorresse.
"Se o golpe parlamentar contra o governo democrático de Dilma prosperar, a Bolívia convocará seu embaixador. Defendamos a democracia e a paz", escreveu Morales no Twitter.
Anteriormente, Morales já havia criticado a posição do Brasil de Temer em relação ao conflito gerado com a presidência do Mercosul.
Junto com Paraguai e Argentina, o Brasil liderou a rejeição que a Venezuela assumisse a presidência temporária do Mercosul, que por ordem alfabética lhe correspondia, depois que o Uruguai desistiu de seguir com essa responsabilidade no fim do mês de junho, quando cumpriu seu período de seis meses.
O governo Temer dinamitou totalmente as pontes que Dilma e seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, tinham erguido com a Venezuela de Chávez, que foram mantidas assim que Nicolás Maduro chegou ao poder.
Além de rejeitar que a Venezuela assuma a presidência do Mercosul, com a justificativa de que o país ainda não se adaptou totalmente à legislação do bloco, o chanceler do novo governo brasileiro, José Serra, qualificou o governo de Maduro de "autoritário" e "não democrático".
Nos três meses em que está no cargo, no qual deverá ser confirmado agora, Serra também manifestou seu mais claro apoio à oposição venezuelana e a sua "luta" para seja realizado um referendo para revogar o mandato de Maduro ainda este ano.
"Se o referendo não for realizado este ano, será uma completa farsa", declarou Serra duas semanas atrás, quando recebeu parlamentares da oposição venezuelana, que durante os governos de Lula e Dilma tinham sido totalmente ignorados pelas autoridades brasileiras.
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