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Parlamento aprova impeachment da presidente da Coreia do Sul

Baek Seung-ryul/Yonhap via AP
Imagem: Baek Seung-ryul/Yonhap via AP

Em Seul

09/12/2016 06h27

O parlamento da Coreia do Sul aprovou nesta sexta-feira, com mais de dois terços dos votos, a destituição da presidente Park Geun-hye, envolvida no grave escândalo da "Rasputina coreana".

O "sim" para o processo de destituição ganhou com 234 votos a favor, 56 contra, sete nulos e duas abstenções, pouco mais de uma hora após começar a sessão, onde votaram 299 dos 300 representantes da Assembleia Nacional.

A responsabilidade agora está com o Tribunal Constitucional, onde pelo menos seis de seus nove juízes devem dar o sinal verde para a decisão do parlamento, em processo que levaria, no máximo, 180 dias.

Enquanto se aguarda a decisão do Tribunal Constitucional, a presidente será privada imediatamente de todos seus poderes à frente do Estado, desde o controle do Exército até o direito a veto ou decisões de política externa.

Após receber oficialmente a resolução da Assembleia Nacional, Park deverá passar o poder para o primeiro-ministro, Hwang Kyo-ahn, que comandará provisoriamente o país.

O resultado da votação de hoje revela que a maioria dos 128 deputados do partido conservador da presidente Park (Saenuri) deram as costas a sua líder ao optarem pelo "impeachment".

A histórica decisão do parlamento foi celebrada efusivamente por centenas de opositores da presidente concentrados na frente da Assembleia Nacional.

Milhões de pessoas foram para as ruas nas últimas semanas em protestos em todo o país para exigir a saída da presidente por seu envolvimento no famoso caso da "Rasputina coreana".

A presidente foi apontada como cúmplice de Choi Soon-sil, sua amiga íntima acusada, entre outras coisas, de ter interferir em assuntos de Estado sem possuir cargo público, além de ter pressionado empresas para obter numerosas somas de dinheiro que ela teria se apropriado parcialmente.

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AFP

A amiga e o naufrágio

O caso que abala a política sul-coreana gira em torno de Choi-Soo-sil, confidente e amiga íntima da presidente, que teria usado sua influência sobre ela para manipular decisões políticas e enriquecer. Chamada de "Rasputina" pela imprensa, Choi foi detida em novembro e está esperando para ser julgada por coação e abuso de poder.

Os deputados também acrescentaram como motivo para apoiar o impeachment a atuação de Park após o naufrágio de uma balsa em 2014, tragédia em que 304 pessoas morreram, a maioria estudantes. A gestão do governo na catástrofe foi muito criticada e se questionou por que a presidente levou sete horas após o desastre para realizar a primeira reunião sobre o tema.

Os meios de comunicação citam diferentes teorias, como, por exemplo, as de que Park estava em um relacionamento amoroso, realizando um ritual xamânico, em uma operação estética ou cortando o cabelo. A Casa Azul, sede da presidência sul-coreana, desmentiu todas as teorias, mas não explicou até hoje onde a presidente estava no dia da tragédia.