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Frei Betto espera que novo governo do Equador mantenha asilo a Assange

24/03/2017 15h15

Quito, 24 mar (EFE).- O intelectual, teólogo e religioso dominicano brasileiro Frei Betto disse nesta sexta-feira esperar que o novo governo equatoriano, que será definido nas eleições no próximo dia 2 de abril, mantenha o asilo ao fundador do Wikileaks, Julian Assange, que está na embaixada do país sul-americano em Londres.

"Espero que, seja qual for, o governo do Equador continue assegurando a Julian Assange o direito ao asilo", disse Frei Betto em entrevista coletiva em Quito.

Cerca de 12,8 milhões de equatorianos irão às urnas no próximo dia 2 de abril para escolher o sucessor de Rafael Correa entre o governista Lenín Moreno e o opositor Guillermo Lasso.

Frei Betto, que elogiou Correa por ter concedido asilo ao fundador do Wikileaks, considerou que "é preciso lutar" para que não haja a necessidade do refúgio e reiterou que, enquanto isso não for possível, deve-se "garantir asilo" a Assange, que está na embaixada do Equador em Londres desde 2012.

O brasileiro defendeu um "asilo integral" para Assange por se tratar de um "direito humanitário".

"É um escândalo que este homem (Assange) seja perseguido por falar a verdade", opinou Frei Betto, que se absteve de falar sobre a conjuntura eleitoral do Equador.

O candidato presidencial opositor Guillermo Lasso assinalou que, se for eleito presidente, revisará o asilo ao australiano, respeitando o direito internacional.

Consultado sobre a possibilidade de os Estados Unidos terem influência na vitória de algum dos candidatos, o teólogo disse que não pode adivinhar.

"Quanto às eleições, o que vai acontecer e o que pensam os EUA, não posso adivinhar o que passa pela cabeça do governo de (Donald) Trump, porque ele é um louco. Nero pôs fogo em Roma, Hitler na Europa e Trump quer botar fogo no mundo", opinou.

Assange está asilado na Embaixada equatoriana em Londres para evitar ser entregue à Suécia, que pede que esclareça seu suposto envolvimento em uma violação "em grau menor".

O australiano nega essa acusação, mas se recusou a viajar ao país nórdico para se defender porque assegura que poderia ser extraditado aos EUA, onde teme ser condenado inclusive à pena de morte por espionagem devido ao vazamento de milhares de documentos secretos efetuado pelo portal Wikileaks.