Ivanka Trump pede passagem na Casa Branca
Lucía Leal.
Washington, 26 mar (EFE).- Longe de se conformar em sair nas fotos oficiais, Ivanka Trump abriu caminho no centro de poder da Casa Branca, com uma influência crescente que pode ajudar a moderar as posições de seu pai, mas também desperta dúvidas éticas sobre nepotismo e conflitos de interesse.
Quando Donald Trump assumiu o poder em janeiro, Washington se divertia com o rumor de que sua fotogênica filha mais velha poderia substituir sua reticente esposa, Melania, no papel de primeira-dama.
Ivanka inclusive foi questionada, durante uma entrevista em janeiro, se teria um escritório na ala leste da Casa Branca, reservada à primeira-dama. Ninguém sabia, na época, que a empresária de 35 anos já tinha reservado um espaço na cotada ala oeste, a poucos passos do Salão Oval.
Esse escritório está acompanhado de uma permissão para acessar informação confidencial e dispositivos governamentais de comunicação, segundo revelou nesta semana sua advogada, Jamie Gorelick.
Para não violar as leis sobre nepotismo, a "primeira filha" não receberá um salário nem terá um cargo formal, mas assessorará Trump em todo tipo de assunto, afirmou Gorelick à revista "Politico".
A notícia culmina uma lenta conquista de poder que a filha favorita de Trump protagonizou desde o triunfo eleitoral de seu pai em novembro do ano passado: naquele mesmo mês, Ivanka participou de reunião com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, apesar dos possíveis conflitos de interesse derivados de sua linha de roupa.
Desde então, Ivanka foi ao teatro na Broadway com o premiê canadense, Justin Trudeau; se sentou ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, durante sua visita à Casa Branca; e formou uma pasta política própria em torno dos interesses das mulheres trabalhadoras e do cuidado infantil.
Mas o impacto de Ivanka não se limita a esses temas: ela é uma integrante ativa de um dos dois grandes polos de poder na atual Casa Branca, aquele que a ala populista - liderada pelo estrategista Steve Bannon - chama maliciosamente de "os democratas".
A equipe de Ivanka é completada por seu marido, Jared Kushner, um dos principais assessores de Trump desde sua chegada ao poder; e dois empresários de Nova York e amigos do casal, Gary Cohn e Dina Powell, segundo um recente artigo do jornal "The Washington Post".
Muitos em Washington esperam que esse grupo modere as posições de Trump e lhe afaste das incendiárias ideias de Bannon; e, de fato, Ivanka e seu marido já deram alguns passos, como convencer o presidente de não eliminar alguns direitos trabalhistas concedidos nos últimos anos aos trabalhadores abertamente homossexuais.
Mas por enquanto, o bloco de Bannon conquistou mais vitórias e é cedo para avaliar o grau de influência da filha de Trump em uma Casa Branca repleta de lutas de poder.
Por outro lado, a definição do papel de Ivanka - e sua decisão de usar o escritório que a equipe de Trump havia reservado desde o princípio para ela - despertou críticas dos especialistas em normas éticas do governo.
"A ideia é que Ivanka Trump tenha um papel formalizado na Casa Branca sem que se lhe exija cumprir com os requisitos éticos que se aplicam aos funcionários da Casa Branca", escreveram nesta sexta-feira os encarregados de temas éticos nos governos de Barack Obama e George W. Bush, Norman Eisen e Richard Painter, respectivamente.
A carta, dirigida ao advogado-geral da Casa Branca, Don McGahn e obtida pela Agência Efe, pede que se revise os termos do acordo de trabalho de Ivanka para "assegurar que qualquer possível conflito de interesse entre seu serviço na Casa Branca e sua propriedade de seus negócios foi analisado adequadamente".
Segundo sua advogada, Ivanka Trump se comprometeu "voluntariamente" a seguir as regras éticas da Casa Branca apesar de não ser formalmente uma funcionária por não estar na folha de pagamento, algo que Eisen e Painter consideram insuficiente porque não está submetida a penas legais em caso de descumprimento.
Embora Ivanka Trump tenha cedido a um fideicomisso o controle diário da empresa de roupa que leva seu nome, não cortou seus laços com ela e também não esclareceu se tem interesses financeiros no exterior, o que poderia gerar conflitos de interesse na hora de assessorar seu pai sobre assuntos internos e internacionais.
"A relação pessoal de Ivanka Trump com o presidente poderia pôr em perigo nossa segurança nacional em termos imediatos e práticos", opinou nesta semana uma advogada com experiência na assessoria governamental e especialista do centro de estudos Brookings, Susan Hennessey, em artigo publicado no "Washington Post".
Washington, 26 mar (EFE).- Longe de se conformar em sair nas fotos oficiais, Ivanka Trump abriu caminho no centro de poder da Casa Branca, com uma influência crescente que pode ajudar a moderar as posições de seu pai, mas também desperta dúvidas éticas sobre nepotismo e conflitos de interesse.
Quando Donald Trump assumiu o poder em janeiro, Washington se divertia com o rumor de que sua fotogênica filha mais velha poderia substituir sua reticente esposa, Melania, no papel de primeira-dama.
Ivanka inclusive foi questionada, durante uma entrevista em janeiro, se teria um escritório na ala leste da Casa Branca, reservada à primeira-dama. Ninguém sabia, na época, que a empresária de 35 anos já tinha reservado um espaço na cotada ala oeste, a poucos passos do Salão Oval.
Esse escritório está acompanhado de uma permissão para acessar informação confidencial e dispositivos governamentais de comunicação, segundo revelou nesta semana sua advogada, Jamie Gorelick.
Para não violar as leis sobre nepotismo, a "primeira filha" não receberá um salário nem terá um cargo formal, mas assessorará Trump em todo tipo de assunto, afirmou Gorelick à revista "Politico".
A notícia culmina uma lenta conquista de poder que a filha favorita de Trump protagonizou desde o triunfo eleitoral de seu pai em novembro do ano passado: naquele mesmo mês, Ivanka participou de reunião com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, apesar dos possíveis conflitos de interesse derivados de sua linha de roupa.
Desde então, Ivanka foi ao teatro na Broadway com o premiê canadense, Justin Trudeau; se sentou ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, durante sua visita à Casa Branca; e formou uma pasta política própria em torno dos interesses das mulheres trabalhadoras e do cuidado infantil.
Mas o impacto de Ivanka não se limita a esses temas: ela é uma integrante ativa de um dos dois grandes polos de poder na atual Casa Branca, aquele que a ala populista - liderada pelo estrategista Steve Bannon - chama maliciosamente de "os democratas".
A equipe de Ivanka é completada por seu marido, Jared Kushner, um dos principais assessores de Trump desde sua chegada ao poder; e dois empresários de Nova York e amigos do casal, Gary Cohn e Dina Powell, segundo um recente artigo do jornal "The Washington Post".
Muitos em Washington esperam que esse grupo modere as posições de Trump e lhe afaste das incendiárias ideias de Bannon; e, de fato, Ivanka e seu marido já deram alguns passos, como convencer o presidente de não eliminar alguns direitos trabalhistas concedidos nos últimos anos aos trabalhadores abertamente homossexuais.
Mas por enquanto, o bloco de Bannon conquistou mais vitórias e é cedo para avaliar o grau de influência da filha de Trump em uma Casa Branca repleta de lutas de poder.
Por outro lado, a definição do papel de Ivanka - e sua decisão de usar o escritório que a equipe de Trump havia reservado desde o princípio para ela - despertou críticas dos especialistas em normas éticas do governo.
"A ideia é que Ivanka Trump tenha um papel formalizado na Casa Branca sem que se lhe exija cumprir com os requisitos éticos que se aplicam aos funcionários da Casa Branca", escreveram nesta sexta-feira os encarregados de temas éticos nos governos de Barack Obama e George W. Bush, Norman Eisen e Richard Painter, respectivamente.
A carta, dirigida ao advogado-geral da Casa Branca, Don McGahn e obtida pela Agência Efe, pede que se revise os termos do acordo de trabalho de Ivanka para "assegurar que qualquer possível conflito de interesse entre seu serviço na Casa Branca e sua propriedade de seus negócios foi analisado adequadamente".
Segundo sua advogada, Ivanka Trump se comprometeu "voluntariamente" a seguir as regras éticas da Casa Branca apesar de não ser formalmente uma funcionária por não estar na folha de pagamento, algo que Eisen e Painter consideram insuficiente porque não está submetida a penas legais em caso de descumprimento.
Embora Ivanka Trump tenha cedido a um fideicomisso o controle diário da empresa de roupa que leva seu nome, não cortou seus laços com ela e também não esclareceu se tem interesses financeiros no exterior, o que poderia gerar conflitos de interesse na hora de assessorar seu pai sobre assuntos internos e internacionais.
"A relação pessoal de Ivanka Trump com o presidente poderia pôr em perigo nossa segurança nacional em termos imediatos e práticos", opinou nesta semana uma advogada com experiência na assessoria governamental e especialista do centro de estudos Brookings, Susan Hennessey, em artigo publicado no "Washington Post".
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