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General que viveu no Brasil será novo encarregado para América Latina dos EUA

28/03/2017 21h02

Washington, 28 mar (EFE).- O general Rick L. Waddell, um ex-empresário que viveu 12 anos no Brasil, será o novo encarregado da América Latina e do Caribe do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que amplia o círculo militar que, até agora, controla boa parte da relação com o continente.

Uma fonte da Casa Branca confirmou nesta terça-feira à Agência Efe que Waddell foi nomeado como diretor de Assuntos do Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês), o escritório da Casa Branca encarregado de coordenar a política externa americana.

Waddell, que segundo essa fonte "ainda não assumiu completamente" o cargo, é um general-de-divisão do exército condecorado com duas estrelas, que tem experiência no Iraque e no Afeganistão, e que trabalhou na América do Sul como empresário durante 17 anos, 12 deles em São Paulo.

"Acredito que é uma nomeação muito positiva, parece um profundo conhecedor da América Latina", disse o embaixador do Chile em Washington, Juan Gabriel Valdés, em declarações à Efe e outros veículos de comunicação sobre a designação de Waddell.

O general substituirá Craig Deare no cargo, que, segundo vários veículos de comunicação, foi demitido em meados de fevereiro após vazar à imprensa a informação que ele tinha criticado a política de Trump com o México durante uma reunião privada com acadêmicos de centros de estudos.

Assim como Deare, Waddell é um especialista em temas de defesa que até agora trabalhava para o Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Nacional de Defesa (NDU, na sigla em inglês), e que dirigia um curso que esse centro acadêmico ministra regularmente a generais de uma estrela e outros militares.

Segundo uma biografia de Waddell no site da NDU, o general teve uma extensa carreira no setor privado, durante a qual trabalhou "17 anos na América do Sul com companhias como Anglo American, BG Group e Wal-Mart" nas décadas de 1990 e 2000.

Waddell viveu "12 desses anos em São Paulo, onde entre outras posições foi o diretor-gerente para a América do Sul do BG Group", uma multinacional petrolífera britânica, "com responsabilidade sobre os campos de petróleo e gás, os oleodutos de transporte e 2,7 milhões de consumidores", de acordo com a NDU.

Também foi presidente da Anglo Ferrous Brasil em um momento em que essa empresa estava "construindo o maior projeto integrado de mineração do mundo", de acordo com o mesma universidade.

Doutorado em Relações Internacionais pela prestigiada Universidade de Colúmbia, o general tem uma destacada trajetória acadêmica que inclui um mestrado em História e Língua Moderna, com especialização em português, pela Universidade de Oxford.

Suas mais de duas décadas de carreira no exército incluem posições nos Estados Unidos, Coreia do Sul e no Comando Central (responsável pelas operações no Oriente Médio), com cinco missões no Iraque e outras três no Afeganistão; e entre 2013 e 2015 trabalhou no Comando Sul, encarregado da América Latina.

A nomeação de Waddell confirma a tendência de Trump de confiar em generais para dirigir sua política de segurança e relações internacionais, segundo lembrou Adam Isacson, um acadêmico especialista na assistência de segurança dos EUA ao continente no centro de estudos WOLA, em artigo publicado em seu blog.

"A maioria dos funcionários nomeados e confirmados até agora com responsabilidade na política sobre a América Latina são militares: (o assessor de segurança geral de Trump, H.R.) McMaster e Waddell, o general John Kelly em Segurança Nacional, e o almirante Kurt Tidd no Comando Sul", detalhou Isacson.

Ainda precisam ser nomeados os encarregados para a América Latina e Caribe nos Departamentos de Estado e de Defesa, lembrou o analista.