Macron e Le Pen decidirão presidência da França em 2º turno histórico
Enrique Rubio.
Paris, 23 abr (EFE).- Com concepções de França e Europa radicalmente opostas, o social liberal Emmanuel Macron e a ultradireitista Marine Le Pen vão se enfrentar no segundo turno das eleições presidenciais na França, que neste ano foram marcadas pela derrota dos dois partidos mais tradicionais do país e que praticamente se alternavam no poder.
Os pesquisadores de opinião dormirão tranquilos neste domingo. Os prognósticos foram acertados, e dois candidatos autoproclamados antissistema medirão forças dentro de duas semanas, em 7 de maio, com vantagem aparente para Macron. Ele venceu, como o próprio anunciou, o primeiro turno. Com 90% dos votos apurados, tinha recebido 23,5% do total.
Após conseguir a proeza de, em um ano, deixar de ser um ministro da Economia pouco conhecido para se tornar o candidato mais votado nas eleições, Macron pretende agora ser, aos 39 anos, o chefe de Estado mais jovem da V República.
Apesar de seus críticos se empenharem em pintá-lo como o herdeiro do impopular presidente François Hollande, o certo é que as propostas de Macron conquistaram boa parte do eleitorado.
Sua imagem renovada e sua proposta de ruptura para "desbloquear" os alicerces da sociedade francesa agradaram especialmente os eleitores com maior nível de educação e das cidades.
"Em um ano mudamos a cara da política francesa ", disse um eufórico Macron a seus apoiadores no Palácio de Congressos da Porta de Versalhes de Paris.
Líder do partido "Em Movimento", criado a sua imagem e semelhança - tem até as iniciais de seu nome -, o social liberal aposta em um discurso que transcende as barricadas ideológicas e com o qual pretende aglutinar seus compatriotas.
"Nosso país atravessa um momento inédito, marcado pelo terrorismo, o déficit, o sofrimento social e ecológico, e respondeu votando massivamente e decidido a me colocar na frente no primeiro turno", disse.
Com o mesmo afã antissistema, Le Pen conseguiu, com maior sofrimento do que parecia há somente um mês, chegar ao segundo turno, a mesma fronteira à qual seu pai, Jean-Marie, levou as ideias ultradireitistas do partido Frente Nacional (FN) em 2002.
A candidata recebia, restando 10% para o fim da apuração, 22,08% dos votos.
Em Hénin-Beaumont, cidade do norte de França que ela converteu em seu reduto eleitoral, Le Pen fez um discurso patriótico e populista no qual proclamou: "Superamos o primeiro período que levará os franceses ao (Palácio do) Eliseu".
Marine não desperdiçou um só momento para voltar suas baterias contra Macron, e disse gostar da ideia de enfrentar no segundo turno o ex-ministro - que trabalhou no passado como banqueiro - para encenar "o grande desafio destas eleições: a globalização selvagem".
"Apelo a todos os patriotas sinceros, de toda origem, para que me apoiem, que abandonem brigas antigas porque está em jogo o interesse do país, a sobrevivência da França, a unidade nacional ", reiterou, em discurso para milhares de apoiadores.
No entanto, não será fácil para Marine se tornar a primeira mulher a presidir a França.
A primeira pesquisa de intenção de voto para o segundo turno, divulgada hoje pelo instituto Ipsos, aponta uma fácil vitória de Macron, com 62% dos votos.
Os grandes derrotados da noite, o conservador François Fillon (19,75%) e o socialista Benoît Hamon (6,20%), anunciaram imediatamente que votarão no social liberal para evitar assim o triunfo da extrema direita.
Após assumirem o desastre que representa para seus partidos ficarem fora do segundo turno, ao mesmo tempo, pela primeira vez na V República (instaurada em 1958), ambos reconheceram sua responsabilidade pessoal nos resultados.
Mais combativo, o candidato de extrema esquerda e líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, admitiu que o resultado previsto pelas projeções de voto "não era o que esperava", e pediu que seus apoiadores esperem os números oficiais que serão divulgados pelo Ministério do Interior.
Com 90% dos votos apurados, Mélenchon tinha 19,45% do total.
"Os 'mediácratas' (sic) e os oligarcas estão jubilosos. Nada é tão belo para eles como um segundo turno entre dois candidatos que querem prolongar as instituições atuais", afirmou.
Além disso, ele apontou que submeterá a consulta entre sua militância o posicionamento de sua chapa em relação ao segundo turno.
Seja qual for o resultado da próxima votação, dentro de duas semanas, os franceses escreveram hoje uma página única dentro da história política de um país em ebulição.
Paris, 23 abr (EFE).- Com concepções de França e Europa radicalmente opostas, o social liberal Emmanuel Macron e a ultradireitista Marine Le Pen vão se enfrentar no segundo turno das eleições presidenciais na França, que neste ano foram marcadas pela derrota dos dois partidos mais tradicionais do país e que praticamente se alternavam no poder.
Os pesquisadores de opinião dormirão tranquilos neste domingo. Os prognósticos foram acertados, e dois candidatos autoproclamados antissistema medirão forças dentro de duas semanas, em 7 de maio, com vantagem aparente para Macron. Ele venceu, como o próprio anunciou, o primeiro turno. Com 90% dos votos apurados, tinha recebido 23,5% do total.
Após conseguir a proeza de, em um ano, deixar de ser um ministro da Economia pouco conhecido para se tornar o candidato mais votado nas eleições, Macron pretende agora ser, aos 39 anos, o chefe de Estado mais jovem da V República.
Apesar de seus críticos se empenharem em pintá-lo como o herdeiro do impopular presidente François Hollande, o certo é que as propostas de Macron conquistaram boa parte do eleitorado.
Sua imagem renovada e sua proposta de ruptura para "desbloquear" os alicerces da sociedade francesa agradaram especialmente os eleitores com maior nível de educação e das cidades.
"Em um ano mudamos a cara da política francesa ", disse um eufórico Macron a seus apoiadores no Palácio de Congressos da Porta de Versalhes de Paris.
Líder do partido "Em Movimento", criado a sua imagem e semelhança - tem até as iniciais de seu nome -, o social liberal aposta em um discurso que transcende as barricadas ideológicas e com o qual pretende aglutinar seus compatriotas.
"Nosso país atravessa um momento inédito, marcado pelo terrorismo, o déficit, o sofrimento social e ecológico, e respondeu votando massivamente e decidido a me colocar na frente no primeiro turno", disse.
Com o mesmo afã antissistema, Le Pen conseguiu, com maior sofrimento do que parecia há somente um mês, chegar ao segundo turno, a mesma fronteira à qual seu pai, Jean-Marie, levou as ideias ultradireitistas do partido Frente Nacional (FN) em 2002.
A candidata recebia, restando 10% para o fim da apuração, 22,08% dos votos.
Em Hénin-Beaumont, cidade do norte de França que ela converteu em seu reduto eleitoral, Le Pen fez um discurso patriótico e populista no qual proclamou: "Superamos o primeiro período que levará os franceses ao (Palácio do) Eliseu".
Marine não desperdiçou um só momento para voltar suas baterias contra Macron, e disse gostar da ideia de enfrentar no segundo turno o ex-ministro - que trabalhou no passado como banqueiro - para encenar "o grande desafio destas eleições: a globalização selvagem".
"Apelo a todos os patriotas sinceros, de toda origem, para que me apoiem, que abandonem brigas antigas porque está em jogo o interesse do país, a sobrevivência da França, a unidade nacional ", reiterou, em discurso para milhares de apoiadores.
No entanto, não será fácil para Marine se tornar a primeira mulher a presidir a França.
A primeira pesquisa de intenção de voto para o segundo turno, divulgada hoje pelo instituto Ipsos, aponta uma fácil vitória de Macron, com 62% dos votos.
Os grandes derrotados da noite, o conservador François Fillon (19,75%) e o socialista Benoît Hamon (6,20%), anunciaram imediatamente que votarão no social liberal para evitar assim o triunfo da extrema direita.
Após assumirem o desastre que representa para seus partidos ficarem fora do segundo turno, ao mesmo tempo, pela primeira vez na V República (instaurada em 1958), ambos reconheceram sua responsabilidade pessoal nos resultados.
Mais combativo, o candidato de extrema esquerda e líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, admitiu que o resultado previsto pelas projeções de voto "não era o que esperava", e pediu que seus apoiadores esperem os números oficiais que serão divulgados pelo Ministério do Interior.
Com 90% dos votos apurados, Mélenchon tinha 19,45% do total.
"Os 'mediácratas' (sic) e os oligarcas estão jubilosos. Nada é tão belo para eles como um segundo turno entre dois candidatos que querem prolongar as instituições atuais", afirmou.
Além disso, ele apontou que submeterá a consulta entre sua militância o posicionamento de sua chapa em relação ao segundo turno.
Seja qual for o resultado da próxima votação, dentro de duas semanas, os franceses escreveram hoje uma página única dentro da história política de um país em ebulição.
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