Ideia de restaurar monarquia divide opiniões na Geórgia
Mikhail Vignanski.
Tbilisi, 26 jun (EFE).- A Geórgia vive nos últimos dias um intenso debate depois que seu principal líder religioso e a personalidade mais respeitada do país, o patriarca Elias II, defendeu o retorno da monarquia nesta república parlamentar do Cáucaso.
O primeiro-ministro georgiano, Guiorgui Kvirikashvili, qualificou de "interessante" a sugestão do patriarca, mas advertiu que estes tipos de mudanças costumam levar "décadas".
"É preciso debater o assunto em amplos círculos da sociedade, porque isto requer um consenso universal. Não devemos apressar-nos", disse o chefe do governo.
No caso de a Geórgia optar por restaurar a monarquia, que foi abolida há dois séculos, o principal pretendente ao trono será Guiorgui Bagration, um menino de cinco anos nascido em Madri, onde vive atualmente.
A ideia de recuperar a instituição monárquica no país se apoderou das mentes e dos discursos de políticos e especialistas georgianos desde que foi sugerida há uma semana pelo máximo hierarca da Igreja Ortodoxa.
Durante a missa dominical na Catedral da Santa Trinidade de Tbilisi, Elias II declarou que no mundo contemporâneo "há muitos monarcas que reinam, mas não governam" e que isso "dá tranquilidade" aos seus países.
"Temos de analisar quem fomos, quem somos agora e o que queremos ser amanhã. Temos de lembrar que a Geórgia teve uma das monarquias mais antigas", completou o patriarca georgiano.
No dia seguinte, Elias II abordou a iniciativa com o chefe do parlamento georgiano, Irakli Kobijadze, que apontou depois que o debate sobre o retorno da monarquia é um projeto de longo prazo que deve iniciar-se "quando se deem as condições oportunas".
Por sua parte, a deputada Eka Beselia propôs a realização em futuro próximo de um plebiscito para escolher a forma de governo no país.
Já o vice-presidente do parlamento georgiano, Gueorgi Volski, lembrou que a monarquia constitucional foi "uma opção viável para muitos países europeus, como Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Espanha e Bélgica", e também poderia funcionar na Geórgia.
No entanto, disse que ainda não é o momento para este tipo de reforma, porque a sociedade não está preparada.
Há uma década, o patriarca ortodoxo já havia proposto o debate sobre o retorno da monarquia, eliminada em 1801, após a anexação da Geórgia pelo Império russo, mas a iniciativa não prosperou.
Segundo o especialista em direito constitucional, Vajtang Dzabiradze, "dificilmente a ideia do patriarca é o que a Geórgia necessita".
"Não é a monarquia o que contribui para a estabilidade, senão algumas instituições de governo que funcionam bem, e isso é o que nos falta", declarou Dzabiradze à Agência Efe.
A deputada opositora Salomé Samadashvili concorda com o especialista e acrescentou que a Geórgia não pode permitir-se custear uma monarquia.
"As autoridades começaram a falar do assunto para desviar a atenção dos problemas atuais", assegurou.
Após a abolição da monarquia georgiana, os herdeiros ao trono do país caucasiano da dinastia dos Bagration viveram principalmente na Espanha e na Rússia.
Em 1942, um congresso de associações de imigrantes georgianos realizado em Roma elegeu como herdeiro do trono da Geórgia o príncipe Irakli Bagration.
Pouco depois, após a morte de sua esposa, a condessa italiana Maria Antonietta Pasquini, Irakli Bagration se mudou para a Espanha com seu filho mais novo, Jorge, e em 1946 se casou novamente, agora com a princesa María de las Mercedes de Baviera e Borbón, sobrinha do rei Alfonso XIII da Espanha.
Após sua morte em 1977, o seu filho Jorge de Bagration, piloto espanhol de Fórmula 1, se transformou na cabeça oficial da família real georgiana.
Jorge viveu praticamente toda a sua vida na Espanha mas dois anos antes da sua morte, em 2008, deixou Marbella para mudar-se para a Geórgia.
Teve quatro filhos de dois casamentos: os príncipes Irakli, David e Hugo (Guram, em georgiano), e a princesa María, todos de nacionalidade espanhola.
Em 2009, a Geórgia foi palco de um "casamento real", a do príncipe herdeiro David de Bagration e de Mukhrani com Anna Mujraneli, representante de outro dos ramos da Família Imperial dos Bagration.
O casal teve um filho, Guiorgui, que nasceu em 2011 em Madri e foi batizado dois anos mais tarde na Geórgia pelo próprio patriarca Elias II, e desde então é considerado pelos monárquicos como o legítimo herdeiro do trono.
Tbilisi, 26 jun (EFE).- A Geórgia vive nos últimos dias um intenso debate depois que seu principal líder religioso e a personalidade mais respeitada do país, o patriarca Elias II, defendeu o retorno da monarquia nesta república parlamentar do Cáucaso.
O primeiro-ministro georgiano, Guiorgui Kvirikashvili, qualificou de "interessante" a sugestão do patriarca, mas advertiu que estes tipos de mudanças costumam levar "décadas".
"É preciso debater o assunto em amplos círculos da sociedade, porque isto requer um consenso universal. Não devemos apressar-nos", disse o chefe do governo.
No caso de a Geórgia optar por restaurar a monarquia, que foi abolida há dois séculos, o principal pretendente ao trono será Guiorgui Bagration, um menino de cinco anos nascido em Madri, onde vive atualmente.
A ideia de recuperar a instituição monárquica no país se apoderou das mentes e dos discursos de políticos e especialistas georgianos desde que foi sugerida há uma semana pelo máximo hierarca da Igreja Ortodoxa.
Durante a missa dominical na Catedral da Santa Trinidade de Tbilisi, Elias II declarou que no mundo contemporâneo "há muitos monarcas que reinam, mas não governam" e que isso "dá tranquilidade" aos seus países.
"Temos de analisar quem fomos, quem somos agora e o que queremos ser amanhã. Temos de lembrar que a Geórgia teve uma das monarquias mais antigas", completou o patriarca georgiano.
No dia seguinte, Elias II abordou a iniciativa com o chefe do parlamento georgiano, Irakli Kobijadze, que apontou depois que o debate sobre o retorno da monarquia é um projeto de longo prazo que deve iniciar-se "quando se deem as condições oportunas".
Por sua parte, a deputada Eka Beselia propôs a realização em futuro próximo de um plebiscito para escolher a forma de governo no país.
Já o vice-presidente do parlamento georgiano, Gueorgi Volski, lembrou que a monarquia constitucional foi "uma opção viável para muitos países europeus, como Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Espanha e Bélgica", e também poderia funcionar na Geórgia.
No entanto, disse que ainda não é o momento para este tipo de reforma, porque a sociedade não está preparada.
Há uma década, o patriarca ortodoxo já havia proposto o debate sobre o retorno da monarquia, eliminada em 1801, após a anexação da Geórgia pelo Império russo, mas a iniciativa não prosperou.
Segundo o especialista em direito constitucional, Vajtang Dzabiradze, "dificilmente a ideia do patriarca é o que a Geórgia necessita".
"Não é a monarquia o que contribui para a estabilidade, senão algumas instituições de governo que funcionam bem, e isso é o que nos falta", declarou Dzabiradze à Agência Efe.
A deputada opositora Salomé Samadashvili concorda com o especialista e acrescentou que a Geórgia não pode permitir-se custear uma monarquia.
"As autoridades começaram a falar do assunto para desviar a atenção dos problemas atuais", assegurou.
Após a abolição da monarquia georgiana, os herdeiros ao trono do país caucasiano da dinastia dos Bagration viveram principalmente na Espanha e na Rússia.
Em 1942, um congresso de associações de imigrantes georgianos realizado em Roma elegeu como herdeiro do trono da Geórgia o príncipe Irakli Bagration.
Pouco depois, após a morte de sua esposa, a condessa italiana Maria Antonietta Pasquini, Irakli Bagration se mudou para a Espanha com seu filho mais novo, Jorge, e em 1946 se casou novamente, agora com a princesa María de las Mercedes de Baviera e Borbón, sobrinha do rei Alfonso XIII da Espanha.
Após sua morte em 1977, o seu filho Jorge de Bagration, piloto espanhol de Fórmula 1, se transformou na cabeça oficial da família real georgiana.
Jorge viveu praticamente toda a sua vida na Espanha mas dois anos antes da sua morte, em 2008, deixou Marbella para mudar-se para a Geórgia.
Teve quatro filhos de dois casamentos: os príncipes Irakli, David e Hugo (Guram, em georgiano), e a princesa María, todos de nacionalidade espanhola.
Em 2009, a Geórgia foi palco de um "casamento real", a do príncipe herdeiro David de Bagration e de Mukhrani com Anna Mujraneli, representante de outro dos ramos da Família Imperial dos Bagration.
O casal teve um filho, Guiorgui, que nasceu em 2011 em Madri e foi batizado dois anos mais tarde na Geórgia pelo próprio patriarca Elias II, e desde então é considerado pelos monárquicos como o legítimo herdeiro do trono.
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