Xi Jinping viaja a Hong Kong com forte segurança para evitar protestos
Tamara Gil.
Pequim, 28 jun (EFE).- O presidente da China, Xi Jinping, viaja nesta semana pela primeira vez a Hong Kong como líder do país para celebrar o 20º aniversário da recuperação do território após a ocupação do Reino Unido, mas o ambiente não será de festa.
Xi enfrentará pedidos claros por democracia na única região ainda suficientemente livre para fazê-lo. Por isso, diferentes grupos políticos e ativistas já se preparam para sua chegada em Hong Kong.
O presidente realiza a visita em um momento complicado pelo surgimento de novos grupos pró-democráticos e até independentistas, por diversas prisões extrajudiciais em Hong Kong, pela piora da economia da ilha e pela imposição de Pequim do escolhido para chefiar o governo regional, um aliado do Partido Comunista.
Em 1997, quando o Reino Unido devolveu Hong Kong à China após mais de 150 anos de domínio colonial, o regime comunista se comprometeu a respeitar as liberdades e não interferir nos assuntos da ilha, mas agora muitos dos cidadãos sentem que a promessa foi descumprida e que a ingerência de Pequim é cada vez maior.
"É momento de protestar em vez de celebrar!", escreveu o famoso ativista Joshua Wong no Twitter após a confirmação da visita de Xi a Hong Kong.
Wong é um dos principais nomes da Revolução dos Guarda-Chuvas, as grandes manifestações de 2014 que paralisaram Hong Kong durante quase três meses na busca por democracia, mas que foram concluídas sem que suas demandas fossem atendidas.
Como ele, diversos grupos se preparam para tirar do armário seus guarda-chuvas amarelos, símbolo daqueles protestos, e receber o presidente chinês com vaias, mas a tarefa não será fácil.
Xi estará em Hong Kong entre quinta-feira e sábado protegido por um esquema de segurança que vem sendo preparado há meses para que o presidente chinês não seja incomodado.
Mais de 9 mil agentes estarão nas ruas de Hong Kong durante a visita, e, segundo o jornal local "Ming Pao", os agentes retirarão qualquer cartaz ou imagem que possa incomodar o líder. Manifestações de qualquer tipo também serão limitadas pelas autoridades.
Após pousar na quinta-feira acompanhado de sua esposa, Peng Liyuan, e jantar com o atual chefe do governo local, Xi dedicará o dia seguinte a visitar a guarnição do Exército chinês na região.
No sábado, aniversário do retorno de Hong Kong ao controle da China, o presidente participará da posse da nova líder do governo regional, Carrie Lam, onde se espera que faça um duro discurso.
"Xi enfatizará sua oposição à independência de Hong Kong e o poder da administração central sobre a região", previu à Agência Efe o pesquisador Luo Yanming, do Instituto de Estudos da China Contemporânea, ligada à Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Luo considera que o presidente defenderá seu "status quo" e a legitimidade do modelo "um país, dois sistemas", pelo qual Margaret Thatcher aceitou devolver a região sobe a premissa de que Pequim permitiria a existência do capitalismo liberal na ilha.
"Pequim se comprometeu há 20 anos que a sociedade de Hong Kong tivesse gradualmente direito a escolher seus líderes através de eleições gerais. Mas agora está muito claro que isso não irá ocorrer, porque o Partido Comunista teme que o voto universal represente a chance de candidatos contrários ao regime sejam eleitos", indicou o analista Willy Lam, professor da Universidade da China de Hong Kong.
O especialista acredita que Xi utilizará a estratégia do "chicote e da cenoura": oferecerá políticas econômicas vantajosas para a ilha, mas pressionará que o novo governo garanta a lealdade ao partido.
Segundo Lam, o presidente da China fará com que a nova líder regional aprove uma lei de segurança nacional para "erradicar" o secessionismo e o vazamento de segredos de Estado, em linha com as leis utilizadas no restante do país contra a oposição.
A China vive um de seus principais momentos de repressão desde o fim dos anos 1980, na opinião de grupos de direitos humanos, e se espera que a tendência continue no futuro próximo, especialmente em um ano crucial para Xi: falta poucos meses para o Congresso do Partido Comunista que promoverá uma substituição de poderes que marcará sua presidência.
Pequim, 28 jun (EFE).- O presidente da China, Xi Jinping, viaja nesta semana pela primeira vez a Hong Kong como líder do país para celebrar o 20º aniversário da recuperação do território após a ocupação do Reino Unido, mas o ambiente não será de festa.
Xi enfrentará pedidos claros por democracia na única região ainda suficientemente livre para fazê-lo. Por isso, diferentes grupos políticos e ativistas já se preparam para sua chegada em Hong Kong.
O presidente realiza a visita em um momento complicado pelo surgimento de novos grupos pró-democráticos e até independentistas, por diversas prisões extrajudiciais em Hong Kong, pela piora da economia da ilha e pela imposição de Pequim do escolhido para chefiar o governo regional, um aliado do Partido Comunista.
Em 1997, quando o Reino Unido devolveu Hong Kong à China após mais de 150 anos de domínio colonial, o regime comunista se comprometeu a respeitar as liberdades e não interferir nos assuntos da ilha, mas agora muitos dos cidadãos sentem que a promessa foi descumprida e que a ingerência de Pequim é cada vez maior.
"É momento de protestar em vez de celebrar!", escreveu o famoso ativista Joshua Wong no Twitter após a confirmação da visita de Xi a Hong Kong.
Wong é um dos principais nomes da Revolução dos Guarda-Chuvas, as grandes manifestações de 2014 que paralisaram Hong Kong durante quase três meses na busca por democracia, mas que foram concluídas sem que suas demandas fossem atendidas.
Como ele, diversos grupos se preparam para tirar do armário seus guarda-chuvas amarelos, símbolo daqueles protestos, e receber o presidente chinês com vaias, mas a tarefa não será fácil.
Xi estará em Hong Kong entre quinta-feira e sábado protegido por um esquema de segurança que vem sendo preparado há meses para que o presidente chinês não seja incomodado.
Mais de 9 mil agentes estarão nas ruas de Hong Kong durante a visita, e, segundo o jornal local "Ming Pao", os agentes retirarão qualquer cartaz ou imagem que possa incomodar o líder. Manifestações de qualquer tipo também serão limitadas pelas autoridades.
Após pousar na quinta-feira acompanhado de sua esposa, Peng Liyuan, e jantar com o atual chefe do governo local, Xi dedicará o dia seguinte a visitar a guarnição do Exército chinês na região.
No sábado, aniversário do retorno de Hong Kong ao controle da China, o presidente participará da posse da nova líder do governo regional, Carrie Lam, onde se espera que faça um duro discurso.
"Xi enfatizará sua oposição à independência de Hong Kong e o poder da administração central sobre a região", previu à Agência Efe o pesquisador Luo Yanming, do Instituto de Estudos da China Contemporânea, ligada à Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Luo considera que o presidente defenderá seu "status quo" e a legitimidade do modelo "um país, dois sistemas", pelo qual Margaret Thatcher aceitou devolver a região sobe a premissa de que Pequim permitiria a existência do capitalismo liberal na ilha.
"Pequim se comprometeu há 20 anos que a sociedade de Hong Kong tivesse gradualmente direito a escolher seus líderes através de eleições gerais. Mas agora está muito claro que isso não irá ocorrer, porque o Partido Comunista teme que o voto universal represente a chance de candidatos contrários ao regime sejam eleitos", indicou o analista Willy Lam, professor da Universidade da China de Hong Kong.
O especialista acredita que Xi utilizará a estratégia do "chicote e da cenoura": oferecerá políticas econômicas vantajosas para a ilha, mas pressionará que o novo governo garanta a lealdade ao partido.
Segundo Lam, o presidente da China fará com que a nova líder regional aprove uma lei de segurança nacional para "erradicar" o secessionismo e o vazamento de segredos de Estado, em linha com as leis utilizadas no restante do país contra a oposição.
A China vive um de seus principais momentos de repressão desde o fim dos anos 1980, na opinião de grupos de direitos humanos, e se espera que a tendência continue no futuro próximo, especialmente em um ano crucial para Xi: falta poucos meses para o Congresso do Partido Comunista que promoverá uma substituição de poderes que marcará sua presidência.
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