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Unicef identifica 1,6 mil crianças não acompanhadas rohingyas em Bangladesh

26/09/2017 10h30

Genebra, 26 set (EFE).- O Unicef alertou nesta terça-feira sobre os riscos que correm 1,6 mil crianças não acompanhadas identificadas entre os mais de 250 mil menores rohingyas que se refugiaram em Bangladesh por conta da violência em Mianmar.

"Estamos muito preocupados com sua proteção. Porque mesmo que todos as crianças refugiadas tenham sofrido um grande trauma, estas sofreram mais, porque em muitos casos foram testemunhas da morte de seus pais e tiveram que fugir sozinhas. Mas, além disso, não têm nenhum adulto que as proteja", afirmou em coletiva de imprensa Christoph Boulierac, porta-voz do Unicef.

O porta-voz disse que um dos principais riscos para estas crianças são os casamentos precoces, "dado que estão em um contexto propenso aos adultos se aproveitarem de sua fragilidade".

Boulierac explicou, além disso, que os casamentos precoces "ocorrem nessa sociedade com assiduidade".

Outro desafio é evitar que essas crianças sejam usadas "e acabem trabalhando 20 horas por dia e essa atividade se transforme em trabalho infantil ou inclusive em abuso sexual", alertou.

Desde que em 25 de agosto começou o êxodo de rohingyas do estado de Rakain (noroeste de Mianmar) para Bangladesh, o total de 436 mil pessoas que foram identificadas, 60% são menores de idade, segundo o Unicef.

Esta agência da ONU estabeleceu centros de educação para crianças, mas também centros para adolescentes onde explicam os riscos sobre sua situação, especialmente para aqueles que não contam com a proteção de um adulto.

Por sua vez, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) fez hoje uma chamada para que seja redobrada a resposta humanitária a Bangladesh, dado que as necessidades não cessam.

"O que está ocorrendo sobre o terreno é heróico, mas devemos redobrar os esforços para poder melhorar as condições de acolhimento e saneamento, especialmente, para evitar a todo custo que se produzam surtos epidêmicos", indicou Adrian Edwards, porta-voz do ACNUR.

Por sua vez, Tarik Jasarevic, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), especificou que, por enquanto, não ocorreu nenhum surto de cólera entre os refugiados, mas lembrou que Bangladesh é um país onde essa doença é endêmica, e que as condições de falta de saneamento e de acesso à água potável são as idôneas para o ressurgimento da doença.