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Oposição acusa governo do Quênia de usar eleições para cometer genocídio

27/10/2017 12h23

Nairóbi, 27 out (EFE).- A Super Aliança Nacional (NASA), a principal coalizão opositora do Quênia, acusou nesta sexta-feira o governo de militarizar as eleições para "cometer um genocídio" e garantiu que pelo menos 70 pessoas morreram desde ontem em enfrentamentos com a Polícia.

Musalia Mudavadi, o número três desta formação, que ontem pediu aos seus partidários que se abstenham do pleito, afirmou em entrevista coletiva que existe uma "profunda preocupação" com o fato de que a situação possa derivar em "um massacre de inocentes".

A imprensa local contabiliza desde ontem 11 vítimas, enquanto o Grupo Nacional de Observadores Eleitorais afirmou hoje que, desde a votação de 8 de agosto (cancelada pelo Tribunal Superior), 170 pessoas morreram em enfrentamentos com a Polícia.

Por conta desses conflitos, 5.319 colégios eleitorais não puderam abrir ontem em quatro condados. A Comissão Eleitoral tentará repetir as eleições amanhã.

"A população destes condados já mostrou que não quer votar, para que obrigá-la?", refletiu Mudavadi.

A NASA pediu novamente para que amanhã os cidadãos fiquem em casa durante a continuação da jornada eleitoral em Homa Bay, Migori, Siaya e Kisumu, na região oeste do país.

"É uma armadilha. Não queremos nenhuma vida perdida", afirmou o político.

A Polícia, que considera que "a maior parte do país está em paz", afirmou ontem em comunicado que os protestos não são mais do que "incidentes isolados" protagonizados por grupos de jovens.

A NASA convocou um boicote da votação de ontem ao considerar que a Comissão Eleitoral não tinha feito as reformas necessárias para garantir que as irregularidades que fizeram o Tribunal Supremo anular o pleito anterior, que terminou com a reeleição de Uhuru Kenyatta, não se repetissem.

Agora os seguidores da oposição esperam diretrizes de Raila Odinga, que chamu "todas as forças progressistas do país" a se juntar e conseguir a convocação de novas eleições, desta vez com garantias democráticas, num prazo de 90 dias.