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Prefeito de Ancara renuncia após pedido do presidente turco

28/10/2017 12h02

Ancara, 28 out (EFE).- O prefeito de Ancara, Melih Gökçek, anunciou neste sábado sua renúncia, após semanas de polêmica com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, fundador e chefe de seu partido, o islamita Justiça e Desenvolvimento (AKP).

Gökçek, que deixa a prefeitura após 23 anos no cargo, se soma assim à lista de prefeitos que foram forçados a renunciar nas últimas semanas por indicação expressa de Erdogan.

O primeiro tinha sido o prefeito de Istambul, Kadir Topbas, um histórico membro do AKP, que estava há 13 anos no cargo e que renunciou no último dia 22 de setembro, embora tenha prometido manter-se fiel ao partido.

Na segunda-feira passada, depois de uma menção expressa de Erdogan perante a imprensa, Recep Altepe, prefeito de Bursa, a quarta maior cidade da Turquia e a terceira nas mãos do AKP, seguiu seu exemplo.

No mesmo dia, Melih Gökçek anunciou na sua conta do Twitter, após uma longa reunião com Erdogan, que apresentaria sua renúncia neste sábado.

"A minha renúncia foi pedida por Recep Tayyip Erdogan. Uma ordem é uma ordem. Não renuncio porque acredito que não tenha êxito ou esteja cansado. Respondo ao pedido de Erdogan que, acredito, transformará meu país num país líder", disse Gökçek hoje à imprensa.

Nos últimos anos, o prefeito tinha protagonizado enfrentamentos públicos na imprensa com pesos pesados do AKP, embora nunca com Erdogan, e tinha adquirido fama por suas mensagens polêmicas no Twitter, nas quais, por exemplo, expressou sua suspeita de que alguns terremotos na Turquia eram "artificiais" e obra de navios de pesquisa sismológica.

Durante esse mês renunciaram também os prefeitos de Düzce e Nigde, ambas capitais de província, e na segunda-feira se espera a renúncia do prefeito de Balikesir, Edip Ugur, que governa desde 2014 a décima maior cidade administrada pelo AKP.

A onda de renúncias foi interpretada como uma estratégia do AKP para preparar-se para as eleições municipais de março de 2019, que constituirão uma prova definitiva perante os cruciais pleitos parlamentares em novembro do mesmo ano.