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Hernández é reeleito presidente de Honduras, mas oposição alega "fraude"

20/12/2017 15h36

Germán Reyes.

Tegucigalpa, 20 dez (EFE).- A reeleição de Juan Orlando Hernández como novo presidente de Honduras para o período 2018-2022 e a rejeição do resultado pelo candidato da Aliança de Oposição contra a Ditadura, Salvador Nasralla, alegando que houve "fraude", foi o fato mais mais relevante do país centro-americano em 2017.

Hernández, que buscava a reeleição pelo Partido Nacional, ganhou com 42,95% dos votos, contra 41,24% de Nasralla, segundo a declaração oficial de resultados feita no dia 17 de dezembro por um questionado Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além de conseguir seu terceiro triunfo consecutivo desde 2009, o Partido Nacional, conservador, também venceu as eleições legislativas e municipais, que foram apertadas e marcadas por polêmicas.

As eleições gerais de 26 de novembro, que ocorreram de maneira pacífica e com grande participação dos eleitores, tiveram um final violento que começou no dia 29 do mesmo mês, quando Nasralla denunciou que estavam "forjando uma fraude" contra ele no TSE e convocou seus correligionários a defenderem o seu "triunfo" nas ruas.

Isso aguçou a incerteza e a crise que teve início no mesmo dia das eleições, quando Hernández e Nasralla, menos de três horas depois da votação, se autoproclamaram presidente, sem que o TSE tivesse apresentado o seu primeiro boletim, o que fez com atraso até a madrugada de 27 de novembro.

As manifestações violentas deixaram cerca de 20 mortos, segundo diversas fontes, e algumas resultaram em saques e depredação de dezenas de estabelecimentos comerciais, públicos e particulares.

A Polícia Nacional não pôde evitar as manifestações, nas quais as pessoas ocuparam estradas importantes, que foram fechadas com barricadas de pedras, troncos de árvores, pneus incendiados e lixo.

A oposição, formada pela Aliança liderada por Nasralla e o Partido Liberal, a segunda bancada no parlamento, manifestaram com relativa antecedência sua rejeição à reeleição de Hernández, pois a Constituição não permite a reeleição do presidente sob nenhuma circunstância.

Mas uma decisão da Suprema Corte de Justiça, de 2015, deixou aberta a possibilidade, o que a oposição também rejeitou com o argumento de que não corresponde ao Poder Judiciário tomar essa decisão, mas ao povo.

Apesar da rejeição à reeleição, dez partidos políticos e nove candidatos à presidência participaram do décimo pleito geral consecutivo desde que o país retornou à democracia em 1980, depois de quase 20 anos de regimes militares.

Os candidatos com maiores chances de triunfo foram Hernández e Nasralla, este último à frente da Aliança de Oposição formada pelos partidos Liberdade e Refundação (Libre) e Inovação e Unidade-Social Democrática (PINU-SD).

O coordenador-geral da Aliança de Oposição é o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya, que foi deposto em junho de 2009 e também exerce a mesma função no Libre e na Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), este último surgido nas ruas após sua cassação.

Zelaya coordena as manifestações da oposição em nível nacional, e reiterou que as mesmas serão "indefinidas" porque "o povo não reconhece os resultados" do TSE e "defenderá o triunfo" de Nasralla "nas ruas".

Mais de 3 milhões de hondurenhos votaram nas eleições, que foram observadas por grupos locais e missões da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE UE) assinalou na capital Tegucigalpa que as atas em que a oposição alega que houve fraude, não apresentam "nenhuma diferença" em relação às publicadas pelo TSE.

A chefe da missão da MOE UE, Marisa Matías, disse um dia depois que, como observadores, não estavam validando nenhum resultado, porque essa não é sua missão.

No mesmo dia em que foram apresentados os resultados oficiais do TSE, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, propôs a realização de novas eleições em Honduras diante "da impossibilidade" de dar credibilidade à recontagem final.

Em um comunicado, Almagro disse que "o único caminho possível para que o povo de Honduras seja o vencedor é uma nova convocação de eleições gerais dentro do mais restrito respeito ao Estado de Direito, com as garantias de um TSE que goze de capacidade técnica e da confiança da população e dos partidos políticos".

Diante da continuidade das manifestações violentas é imprevisível o que pode acontecer em Honduras daqui até 27 de janeiro de 2018, quando Hernández estaria assumindo o seu segundo mandato, num país muito polarizado.