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Oposição venezuelana não dialogará com governo sem garantias eleitorais

25/01/2018 19h36

Caracas, 25 jan (EFE).- O deputado Luis Florido, negociador da oposição nos diálogos com o governo na Venezuela, garantiu nesta quinta-feira que a delegação a que pertence não comparecerá à próxima reunião anunciada para os dias 28 e 29 deste mês se o chavismo "não enviar sinais de que quer oferecer garantias eleitorais".

"Se o governo não está disposto a avançar e não enviar sinais de que quer oferecer garantias eleitorais e, pelo contrário, convocar eleições antecipadamente e cancelar o registro (de partido) do Vontade Popular (VP), não será possível ir a seu país", anunciou publicamente Florido, em resposta ao presidente dominicano Danilo Medina, um dos mediadores do diálogo.

Medina anunciou hoje que as duas partes confirmaram participação na próxima rodada de diálogo, que anunciou para o final deste mês em Santo Domingo, e indicou que os encontros são "a melhor solução para a Venezuela e para o seu povo".

No entanto, Florido agradeceu "sinceramente" todo o esforço de Medina para fazer com que as duas partes se sentem à mesa de negociação.

A continuidade das conversas está suspensa depois que a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), que só possui deputados governistas e não é reconhecida internacionalmente, decretou que as eleições presidenciais acontecerão antes de maio, e não no final do ano como geralmente acontece no país.

A decisão unilateral da ANC provocou rejeição de boa parte da comunidade internacional e a saída do chanceler mexicano, Luis Videgaray, das negociações, nas quais atuava como mediador junto com seus equivalentes de Chile, São Vicente e Granadinas, Nicarágua e Bolívia.

Por outro lado, as palavras de Florido sobre a "anulação" do registro do VP chegam pouco depois que a titular do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tania D'Amelio, informou que a bancada do partido está "autocancelada", pois não comparecerá ao processo de validação dos partidos convocados para o fim de semana.

O partido liderado pelo opositor Leopoldo López, que é mantido em prisão domiciliar, anunciou há alguns dias que não validaria o seu registro, que já se considerava ativo após ter passado por este processo "há menos de um ano".

A CNE comunicou na semana passada a necessidade de revalidação do registro eleitoral aos partidos que não participaram das últimas eleições como requisito para poder participar das eleições presidenciais.

Apesar de sua recusa como partido neste processo, o VP convocou os venezuelanos para revalidarem o registro da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), da qual o partido faz parte.