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Brasil e Colômbia se comprometem a manter portas abertas para venezuelanos

21/02/2018 17h08

Eduardo Davis

Brasília, 21 fev (EFE).- Brasil e Colômbia se comprometeram nesta quarta-feira a manter as portas abertas para os venezuelanos que fogem da crise política, social e econômica no país natal e ressaltaram o desejo de encontrar "uma rápida solução" para a tensão venezuelana.

A situação gerada pela crescente emigração venezuelana, que tem Brasil e Colômbia entre os principais destinos, foi discutida nesta quarta-feira pelas delegações de ambos os países, lideradas pelos respectivos ministros de Relações Exteriores: Aloysio Nunes e María Ángela Holguín.

Em pronunciamento conjunto, Nunes anunciou que foi decidido reforçar a cooperação fronteiriça e a troca de informação com a Colômbia sobre a situação na região, a fim de promover "melhor" ajuda e atendimento aos venezuelanos que fogem da crise.

"Temos uma excelente cooperação com a Colômbia além da fronteira, agora é necessário ter reforços frente à imigração forçada" (que chega da Venezuela), declarou Nunes, para quem essa movimentação gerou uma situação de "emergência social" nos outros países.

Segundo o ministro brasileiro, a meta é "aprofundar e melhorar o atendimento aos venezuelanos" mediante a troca de informação e experiências, tudo dentro do "espírito solidário, que é um dos valores comuns a Colômbia e Brasil".

Aloysio Nunes também ressaltou que ambos os países têm há décadas "posições políticas coincidentes e bem coordenadas" e que concordam também em sua visão da crise venezuelana.

"Concordamos plenamente no desejo que os venezuelanos possam se reencontrar com a paz e o caminho da democracia, mediante eleições realmente livres", expressou Nunes, um ferrenho crítico ao governo de Nicolás Maduro.

Holguín explicou que essa maior cooperação com o Brasil tem como objetivo melhorar o atendimento aos venezuelanos, "que estão emigrando numa situação difícil de fome e escassez".

A chanceler colombiana garantiu que tanto Brasil como Colômbia tomaram a "decisão de manter as portas abertas" para esses cidadãos, que "só estão buscando um país no qual possam viver tranquilamente".

Holguín esteve acompanhada na visita a Brasília pelo ministro de Defesa colombiano, Luis Carlos Villegas, com quem depois teve um encontro com o presidente Michel Temer.

Segundo disseram fontes oficiais, durante essa reunião também foram analisados os efeitos da imigração venezuelana, sobre a qual Temer já manifestou "preocupação".

De acordo com dados oficiais, na Colômbia há 550 mil venezuelanos instalados de maneira indefinida e 37 mil cruzam a fronteira diariamente em busca de um futuro melhor ou de comida e remédios que estão escassos na Venezuela.

No Brasil, o êxodo tem ocorrido principalmente em Roraima, estado que recebeu cerca de 40 mil venezuelanos durante o último ano, embora esse número possa ser ainda maior, pois é possível que muitos não tenham sido registrados.

Para garantir o atendimento aos imigrantes, o governo de Temer declarou a região em "estado de vulnerabilidade", o que permite ao Estado ampliar a ajuda financeira.

Além disso, da mesma forma que a Colômbia, o Brasil facilitou o acesso dos venezuelanos à documentação necessária, aos serviços de atendimento público e também adotou programas para agilizar a sua inserção no mercado de trabalho.

A migração venezuelana também foi muito além de Brasil e Colômbia, segundo dados do escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

De acordo com a agência da ONU, 133 mil venezuelanos pediram refúgio em outros países entre 2014 e 2017 e a eles se somam outros 363 mil que optaram por outras "alternativas legais", oferecidas especialmente por países latino-americanos.