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Partido Comunista de Cuba avalia reformas a um mês da saída de Raúl Castro

27/03/2018 13h51

Havana, 27 mar (EFE).- O governante Partido Comunista de Cuba (PCC) avaliou o andamento das reformas feitas por seu primeiro-secretário, Raúl Castro, e analisou o processo de unificação monetária, o processo de revitalização das moradias e a reforma da Constituição, a um mês da saída do irmão de Fidel da presidência.

"Apesar dos erros e insuficiências reconhecidas aqui, a situação é mais favorável do que há alguns anos", disse o presidente Raúl Castro em uma das reuniões da 5ª Plenária do Comitê Central do PCC, que acontecerá durante dois dias, com "intenso trabalho".

O imprensa oficial publicou nesta terça-feira um longo resumo do encontro. Um texto que insiste em que a "atualização" do socialismo cubano tem "grandes complexidades", o que incidiu no "ritmo das transformações".

O ex-ministro de Economia, Marino Murillo, chefe da Comissão encarregada das reformas, afirmou que na etapa inicial, de 2011 a 2013, as novas medidas foram aplicadas rapidamente, mas o ritmo diminuiu depois por limitações financeiras e "erros no planejamento dos processos e no seu controle". Entre os grandes projetos de "revitalização" econômica e social empreendidos por Raúl Castro estão a abertura ao capital estrangeiro na busca de investimentos, a ampliação das categorias permitidas no setor privado, a eliminação da proibição das viagens ao exterior e a compra e venda de casas. Segundo o relatório oficial, os dois últimos anos foram para "aperfeiçoar o conquistado".

A eliminação da dupla moeda e a elaboração do plano econômico e social para até 2030 são hoje as prioridades do país, que em 19 de abril terá pela primeira vez um presidente sem sobrenome Castro em quase 60 anos. Na reunião foi informado que já foram assinadas "normas jurídicas de maior categoria" para reordenar o "trabalho por conta própria", um processo que já está a mais de seis meses em andamento e que representou a paralisação das licenças aos autônomos.

Sobre a escassez de moradia, uma das questões mais delicadas do país, o ministro da Construção, René Mesa Villafaña, garantiu que o governo está tentando resolvido o assunto de maneira "diferente", envolvendo todos os recursos da nação. Em Cuba, onde vivem, aproximadamente, 11 milhões de pessoas, existem hoje mais de 3,8 milhões de casas, sendo 39% delas "medianas ou ruins tecnicamente". O governo cubano estima que esta situação seja resolvida em "pelo menos dez anos" e planeja grandes investimentos na indústria do cimento e impulsionar a produção local de materiais de construção.

A cúpula do Partido Comunista também analisou o andamento da futura reforma da Constituição, que deverá "refletir as principais transformações econômicas, políticas e sociais" e ratificará "o papel dirigente do Partido na sociedade cubana", conforme o texto.

Raúl Castro insistiu, além disso, na "necessidade de poupar" tudo, lembrou os "difíceis momentos do Período Especial na década de 90", e destacou que, embora o cenário não seja o mesmo, "ainda persiste uma mentalidade esbanjadora, quando a linha a seguir tem que ser a da economia e da eficiência ".

"Diante dos novos desafios deve prevalecer o espírito de resistência e combatividade que caracterizou o nosso povo, sem uma espreita de pessimismo e com total confiança no futuro", concluiu ele que, aos 86 anos, será substituído no mês que vem, possivelmente, por seu "número dois" no governo, o engenheiro, de 57 anos, Miguel Díaz-Canel.