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Papa lamenta que atual geração deixe jovens em mundo de "divisões e guerras"

O papa Francisco faz oração ao final da procissão de luz da Via Crucis realizada em frente ao Coliseu, em Roma - Alessandra Tarantino/AP
O papa Francisco faz oração ao final da procissão de luz da Via Crucis realizada em frente ao Coliseu, em Roma Imagem: Alessandra Tarantino/AP

Em Roma

30/03/2018 18h46

O papa Francisco lamentou que "a atual geração" deixe para os jovens um mundo "fraturado pelas divisões e pelas guerras", durante a sua oração na celebração da Via-Sacra de Sexta-feira Santa em frente ao Coliseu de Roma.

"Senhor Jesus, a vós dirigimos o nosso olhar cheio de vergonha, de arrependimento e de esperança. Diante do vosso amor supremo, que a vergonha nos invada por vos ter deixado só, sofrendo pelos nossos pecados", proclamou o pontífice diante de centenas de fiéis.

"Vergonha porque as nossas gerações estão deixando aos jovens um mundo fraturado pelas divisões e pelas guerras; um mundo devorado pelo egoísmo, onde jovens, pequenos, enfermos e idosos são marginalizados", denunciou.

papa - Remo Casilli/Reuters  - Remo Casilli/Reuters
Multidão acompanha cerimônia que celebra a Sexta-feira Santa
Imagem: Remo Casilli/Reuters
Francisco também manifestou sua vergonha "porque tantas pessoas, até alguns dos vossos ministros, deixaram-se enganar pela ambição e pela vanglória, perdendo a sua dignidade e seu primeiro amor".

O papa destacou "o arrependimento que brota da certeza de que somente o Senhor pode nos salvar do mal, e esperança porque da cruz de Cristo desabrochou a Ressurreição".

Após falar sobre a vergonha e o arrependimento, o pontífice destacou "a esperança" que a mensagem cristã "continua a inspirar, ainda hoje, tantas pessoas e povos; que somente o bem pode derrotar o mal e a maldade e que somente o perdão pode abater o rancor e a vingança; somente o abraço fraterno pode dissipar a hostilidade e o medo do outro".

Francisco lembrou que, movidos pela sua fé, "tantos missionários e missionárias continuam, ainda hoje, a desafiar a consciência adormecida da humanidade, arriscando suas vidas para servir-vos nos pobres, nos descartados, nos imigrados, nos invisíveis, nos explorados, nos famintos e nos encarcerados".

O papa também defendeu a esperança pela Igreja de Jesus, "santa e feita de pecadores", continuar, "ainda hoje, apesar de todas as tentativas de desacreditá-la, a ser luz que ilumina, encoraja, alivia e testemunha o vosso amor incomensurável à humanidade, um modelo de altruísmo, uma arca de salvação e uma fonte de certeza e de verdade".

O pontífice assim se pronunciou depois de presenciar o percurso da cruz desde o lado de dentro do Coliseu romano até o lugar no qual permaneceu em oração.

O percurso da cruz, que passa de mão em mão para lembrar o calvário e o caminho de Cristo rumo à crucificação, foi acompanhado pela leitura de meditações redigidas neste ano por jovens de 16 a 27 anos. A medida esteve em sintonia com a decisão do papa de dedicar 2018 às novas gerações.

A cruz, ao longo das 14 estações nas quais se divide a narração da Paixão de Cristo, foi transportada por uma família da Síria e por duas freiras dominicanas de Santa Catalina de Siena que escaparam de jihadistas no Iraque. Também a levaram o vigário de Roma, monsenhor Angelo de Donatis, pessoas com deficiência, uma família italiana, os jovens que redigiram as meditações e dois frades da Custódia franciscana da Terra Santa.