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Kim Jong-un deixa ameaças nucleares e flerta com abertura da Coreia do Norte

26/04/2018 07h02

Seul, 26 abr (EFE).- Considerado por alguns como um ditador louco e por outros como um hábil estrategista, o jovem e midiático líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, deixou em pouco tempo de ser um pária para a comunidade internacional para se tornar protagonista de um momento de histórica distensão.

Filho e neto de implacáveis tiranos, o terceiro membro da dinastia mais fechada atemorizou o mundo desde sua chegada ao poder, em dezembro de 2011, com seus inumeráveis lançamentos de mísseis e seus quatro testes nucleares.

Kim, que durante seus primeiros sete anos no cargo jamais viajou para fora do país nem se reuniu com nenhum líder estrangeiro, vive uma recente etapa de abertura diplomática, que terá nesta sexta-feira seu ponto culminante na histórica cúpula com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, a primeira entre as duas Coreias desde 2007.

Como com quase tudo o que rodeia o sigiloso regime de Pyongyang, não se sabe a data exata do nascimento do filho do "grande líder", Kim Jong-il, e uma das suas concubinas, Ko-Young-hee, dançarina nascida no Japão e que morreu de câncer em 2004.

Diferentes fontes calculam que o neto do fundador do país, Kim Il-sung, poderia ter entre 34 e 36 anos.

Amante do basquete e dos filmes de ação, o jovem líder fala inglês, alemão e francês, graças à sua educação em um colégio de Berna (Suíça), o qual frequentou incógnito e sob o controle de vários funcionários norte-coreanos entre 1993 e 1998.

Talvez por sua juventude ou sua educação ocidental, Kim mostrou uma clara tendência a modernizar a imagem e costumes do país com gestos como a criação, logo após chegar ao poder, da banda de meninas Moranbong, ao estilo dos grupos de k-pop da Coreia do Sul.

Em contraste com seus antecessores, Kim Jong-un também deu um papel público à sua esposa, Ri sol-ju, com a qual acredita-se que tem dois ou três filhos e que lhe acompanha em vários eventos e atividades, como sua primeira viagem internacional no cargo, à China, em março.

O atual líder, responsável por duros expurgos e acusado de ordenar o assassinato do meio-irmão mais velho, Kim Jong-nam, chegou ao poder sendo quase um desconhecido para os norte-coreanos após a morte de seu pai em 17 de dezembro de 2011.

Além de um visível sobrepeso, o líder - que em princípio se mostrava inseguro e reticente a aparecer em público - foi adquirindo com os anos uma presença mais contundente e uma semelhança evidente com seu venerado avô, a quem os especialistas asseguram que tenta emular para conseguir o respeito dos seus cidadãos.

A maioria dos dados sobre sua vida particular é conhecida ou através dos serviços de inteligência de Seul ou pelas extravagantes visitas que recebeu do ex-jogador da NBA, Dennis Rodman, que o qualificou como um homem "divertido", "sorridente" e "familiar".

Fumante empedernido e de voz áspera, Kim se impôs na linha sucessória aos seus irmãos mais velhos, Kim Jong-nam e Kim Jong-Chul, depois que os dois foram descartados por se considerar que não estavam preparados para o poder, um por ser ocidental demais e o outro por ser "afeminado", segundo várias fontes.

Da mesma forma que fez seu pai com sua irmã Kim Kyong-hui, o jovem ditador parece ter desenvolvido uma estreita relação de confiança com a dele, Kim Yo-jong.

A atual responsável pela propaganda do regime adquiriu uma crescente relevância e protagonizou no último mês de fevereiro uma midiática visita aos Jogos Olímpicos de PyeongChang, a primeira de membros da dinastia Kim a território sul-coreano.

Enquanto as flagrantes violações dos direitos humanos seguiram sendo a tônica no Norte durante sua liderança, o comandante supremo do Exército Popular da Coreia e presidente do Partido dos Trabalhadores apostou de maneira especial em seu programa armamentista e no desenvolvimento econômico.

O governo de Kim Jong-un intensificou a aposta na carta nuclear pela que já havia optado o líder anterior como seguro de vida para o regime.

O aumento de testes armamentistas não deixa lugar a dúvidas: na última meia década a Coreia do Norte fez muitos mais lançamentos de mísseis balísticos e testes nucleares que nos 17 anos que abrangeu a liderança de Kim Jong-il entre 1994 e 2011.

O período no poder do terceiro da dinastia Kim esteve marcado, além disso, por um crescimento sustentado e uma melhoria palpável da situação econômica, apesar das duras sanções.