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Índia decreta prisão domiciliar para ativistas suspeitos de vínculos maoístas

29/08/2018 11h54

Nova Délhi, 29 ago (EFE).- A Suprema Corte da Índia ordenou nesta quarta-feira que sejam colocados em prisão domiciliar, até 6 de setembro, os cinco ativistas detidos ontem por supostos vínculos com a guerrilha maoísta, que estariam envolvidos em uma trama para matar o primeiro-ministro do país, Narendra Modi.

A decisão de manter sob custódia os detidos, Varavara Rao, Gautam Navlakha, Arun Ferreira, Vernon Gonçalves e Sudha Bharadwaj, foi tomada pelo tribunal liderado pelo chefe do principal órgão judicial, Dipak Misra, explicou em comunicado a advogada Cheryl D'Souza, da equipe que apresentou o pedido de libertação dos ativistas.

Em 6 de setembro, haverá uma nova audiência judicial sobre o caso.

Até lá, um porta-voz da polícia da cidade de Pune, no oeste do país, anunciou em uma entrevista coletiva que há uma grande quantidade de provas que vinculam os detidos com o Partido Comunista da Índia (Maoísta, CPI-M), considerado ilegal pelas autoridades indianas.

"Aconteceu uma investigação que produziu provas altamente incriminatórias como e-mails, cartas, reuniões, regulamentos para as reuniões e outras comunicações elaboradas entre membros do proibido CPI-Maoísta e os detidos", explicou o porta-voz policial.

O agente assinalou que os detidos, assim como a organização cultural Kabir Kala Manch, criada por causa do massacre de muçulmanos ocorrido em 2002 no estado de Gujarat, e o CPI-M trabalharam para "incitar as massas contra o governo".

"A análise de documentos dos equipamentos eletrônicos revela claramente a conspiração planejada pelo CPI-Maoísta para formar uma Frente Unida para Toda a Índia, uma frente 'antifascista', para derrubar o governo estabelecido por lei", concluiu o policial.

O porta-voz também acusou os "maoístas urbanos" de fornecerem recursos e armas e de promoverem a radicalização de jovens.

Em Nova Délhi, dezenas de pessoas protestaram para pedir a libertação dos cinco ativistas detidos ontem em diferentes partes do país, em uma campanha de prisões amplamente criticadas por organizações de direitos humanos.

As detenções estão vinculadas com um caso aberto em Pune que já levou à detenção de cinco pessoas em junho, que estavam em posse de uma carta supostamente dirigida a um guerrilheiro maoísta.

Na carta, seus autores informavam ao insurgente que alguns "camaradas" estavam pensando em assassinar Modi durante um dos seus comícios.

A guerrilha maoísta ou naxalita, denominada assim porque nasceu após uma revolta na aldeia bengali de Naxalbari em 1967, quer impor uma revolução agrária de caráter maoísta e continua ativa após meio século de operações, sobretudo no chamado "Cinturão Vermelho", uma faixa de território que percorre o centro e o leste da Índia.

Durante as últimas décadas, a insurgência maoísta causou cerca de 12 mil mortes na Índia, a maioria delas de civis, mas vem perdendo força nos últimos anos.