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Polícia de Israel recomenda que Netanyahu seja acusado em caso de corrupção

Polícia vê indícios suficientes para acusar o premiê de "suborno, fraude e abuso de confiança" - Richard Drew/ AP
Polícia vê indícios suficientes para acusar o premiê de "suborno, fraude e abuso de confiança" Imagem: Richard Drew/ AP

Da Agência EFE, em Jerusalém

02/12/2018 09h04

A polícia de Israel recomendou neste domingo (2) que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, seja acusado no caso conhecido como 4000, que investiga se ele recebeu cobertura positiva do site de notícias "Walla" em troca de favores a seu proprietário, informou a polícia em comunicado. A polícia afirmou que vê indícios suficientes para acusar o chefe de governo "de suborno, fraude e abuso de confiança" e também para o indiciamento do acionista majoritário do grupo Bezeq e do site de notícias "Walla", Shaul Elovitch.

"A principal suspeita é que o primeiro-ministro aceitou suborno e agiu em um conflito de interesses intervindo e atuando em decisões reguladoras que favoreceram Shaul Elovitch e o Grupo Bezeq, e, ao mesmo tempo, exigiu direta e indiretamente interferir no conteúdo do site 'Walla' de forma que se beneficiasse", afirmou a polícia na nota.

Durante a investigação do caso 4000, que começou em fevereiro e concluiu em novembro, foram recolhidos os depoimentos de 60 pessoas, houve uma investigação fora de Israel, e foram coletados e analisados materiais de investigação, entre eles gravações e documentos, além da apreensão de aproximadamente 28 milhões de euros.

Segundo a polícia israelense, "a evidência no caso indica que a relação entre o primeiro-ministro e seus associados próximos com o senhor Shaul Elovitch foi uma relação de suborno".

A polícia acredita, de acordo as descobertas de suas investigações, que o chefe do governo israelense e seus associados "intervieram de maneira flagrante e contínua, e em algumas ocasiões inclusive diariamente, no conteúdo publicado pelo site 'Walla News', e também tentaram influenciar na nomeação de altos funcionários (editores e repórteres)" entre 2012 e 2017.

Essas intervenções "tiveram como objetivo de promover os interesses pessoais do primeiro-ministro mediante a publicação de artigos e fotos aduladoras, eliminando o conteúdo crítico sobre ele e sua família". A polícia conclui que "há indícios suficientes para sustentar as suspeitas contra as partes envolvidas".

No caso do primeiro-ministro, por cometer "crimes de suborno, fraude e abuso de confiança e aceitar de maneira fraudulenta as circunstâncias agravantes". Quanto à sua mulher, Sara, os investigadores também consideram que há provas para uma acusação de "suborno, fraude, abuso de confiança e a interrupção de procedimentos de investigação e judiciais".

Já Elovitch poderia enfrentar acusações de "suborno, interrupção dos procedimentos de investigação e julgamento", além de denúncias por crimes contra a Lei de Valores e de Proibição de Lavagem de Ativos.

Em fevereiro, a polícia israelense recomendou ao Ministério Público que acusasse Netanyahu de suborno, fraude e abuso de confiança em outros dois casos pelos quais ele era investigado há um ano. Netanyahu sempre rejeitou as acusações e garantiu que nada seria encontrado durante as investigações "porque não há nada".