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Evo Morales consegue polêmica candidatura em ano de derrota na questão do mar

21/12/2018 23h18

Gina Baldivieso.

La Paz, 21 dez (EFE).- A Bolívia voltou a estar envolvida no debate sobre as candidaturas para as eleições de 2019, nas quais o presidente Evo Morales concorrerá, apesar dos protestos da oposição, em um ano no qual o país sofreu a decepção da decisão adversa da corte de Haia sobre a sua reivindicação por uma saída para o mar junto ao Chile.

O país começou 2018 com o debate político acalorado, depois que no final do ano anterior o Tribunal Constitucional deu carta branca a Evo, no poder desde 2006, para concorrer indefinidamente à reeleição.

A polêmica, já que a Constituição que o próprio Evo promulgou limita o presidente a exercer dois os mandatos consecutivos, ganhou força ao longo do ano e teve seu ápice em dezembro no Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia.

O órgão eleitoral respaldou o Constitucional e liberou Evo para as primárias do próximo dia 27 de janeiro, prévias às eleições gerais de outubro de 2019.

Líderes da oposição, plataformas populares e a Igreja Católica criticam a liberação de Evo e exigem que sejam respeitados os resultados do referendo de 2016, no qual foi rejeitada majoritariamente uma reforma constitucional para eliminar o limite de dois mandatos.

Governistas e sindicatos favoráveis a Evo defendem a nova candidatura do líder, por o verem como o único capaz de atingir uma série de metas econômicas e sociais em uma agenda para comemorar em 2025 o bicentenário da independência boliviana.

Evo Morales conseguiu a candidatura, mas recebeu um duro revés em um dos assuntos mais cruciais para o país: a centenária reivindicação marítima junto ao Chile, que seu governo apresentou em 2013 na Corte Internacional de Justiça de Haia.

O tribunal das Nações Unidas decidiu em outubro deste ano que o Chile não tem a obrigação legal de negociar com a Bolívia a restituição do acesso soberano ao Pacífico, perdido em uma guerra em 1879.

A notícia inicialmente desanimou as autoridades bolivianas, mas passado o primeiro impacto estas se esforçaram para mostrar que não foi uma derrota, pois a corte também convida ambos os países a continuarem dialogando.

Além disso, a decisão motivou o governo boliviano a planejar outras alternativas para seu comércio exterior, que atualmente se move sobretudo por portos do norte do Chile.

Uma delas é a hidrovia Paraguai-Paraná para o Atlântico e também o projeto do trem bioceânico, que ligaria o porto de Santos com o de Ilo, no Peru, através do território boliviano.

Quanto à economia, a Bolívia prevê fechar o ano com um crescimento de 4,7%, um dos maiores da América, e uma inflação de 2,79%.

Um projeto econômico de destaque em 2018 foi a lei que deu sinal verde à produção em massa de bioetanol para substituir a importação de aditivos para gasolina e diesel, desejada há 30 anos pela agroindústria boliviana.

Os grandes assuntos pendentes do país continuam sendo a saúde e a justiça.

Chama a atenção o drama de pacientes com câncer, que chegaram a sair às ruas para reivindicar melhorias no sistema de saúde para serem tratados adequadamente.

Se 2018 foi um ano pré-eleitoral, 2019 será dominado pelas campanhas, com Evo buscando seu quarto mandato e uma oposição que não conseguiu se unir para fazer frente ao governante. EFE