Durante balanço do ano, papa pede que Igreja adentre na realidade dos pobres
Gonzalo Sánchez.
Cidade do Vaticano, 31 dez (EFE).- O papa Francisco pediu nesta segunda-feira que os católicos reflitam "com dor e arrependimento", uma vez que no ano que acaba muitas pessoas viveram em situações de precariedade e "escravidão", e convocou a Igreja a estar "dentro" da realidade dos pobres.
O pontífice fez esta reflexão durante a missa que celebrou na basílica de São Pedro por ocasião da véspera da solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, na qual foi entoado o hino do "Te Deum" de ação de graças pelo ano transcorrido.
Trata-se de um rito no qual o papa faz um balanço do ano e, nesta ocasião, Francisco destacou que o nascimento de Jesus de Nazaré serviu para "erradicar do coração do homem a escravidão antiga do pecado e restituir assim a sua dignidade".
Nesse balanço, o papa pediu para que se meditasse sobre as condições nas quais vivem muitas pessoas, sofrendo a ignomínia e as formas modernas de escravidão às quais tantas vezes se referiu no seu magistério.
"Devemos deter-nos, deter-nos para refletir com dor e arrependimento porque, também neste ano que chega ao seu fim, muitos homens e mulheres viveram e vivem em condições de escravidão, indignas de pessoas humanas", denunciou Francisco.
"Também Jesus nasceu em uma condição análoga, mas não por acaso ou por acidente: quis nascer dessa maneira para manifestar o amor de Deus pelos pequenos e pelos pobres, e lançar assim a semente do Reino de Deus no mundo. Reino de justiça, de amor e de paz, onde ninguém é escravo, mas todos irmãos, filhos do único Pai", completou.
Por essa razão, Francisco disse que a Igreja romana "não quer ser indiferente às escravidões do nosso tempo, nem simplesmente observá-las e socorrê-las, mas quer estar dentro dessa realidade, próxima a essas pessoas e a essas situações".
A cerimônia começou no meio da tarde, quando o papa recorreu o corredor central da imponente basílica vaticana apoiado em um cajado e beijou a figura do Menino Jesus colocado aos pés do altar papal, enquanto se entoava o "Adeste Fideles".
Após sua homilia, o pontífice pronunciou a oração final e expôs o Santíssimo Sacramento custodiado em um tabernáculo de ouro, e posteriormente a assembleia, com fiéis, bispos e cardeais, entoou o hino de agradecimento do "Te Deum".
Como já é tradição, ao término da missa, o papa se dirigiu à praça de São Pedro para apreciar a árvore de Natal, de 21 metros de altura, e seu monumental Portal de Belém, que este ano foi realizado com 1.300 metros cúbicos de areia de praia graças ao trabalho de quatro escultores durante semanas.
A agenda de final de ano do papa Francisco continuará amanhã, quando rezará sua primeira missa de 2019, no mesmo dia no qual a Igreja Católica celebra a Jornada Mundial da Paz, que este ano versa sobre "a boa política a serviço da paz". EFE
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