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Assembleia da ONU-Habitat busca tornar cidades mais sustentáveis e seguras

27/05/2019 13h23

Irene Escudero.

Nairóbi, 27 mai (EFE).- Criar cidades mais sustentáveis, seguras, igualitárias e resistentes no mundo é o objetivo da primeira Assembleia da ONU-Habitat, que começou nesta segunda-feira, em Nairóbi, com representantes de mais de 120 países sob a presidência do México.

"Não deixar ninguém e nenhum lugar de lado" é o lema adotado pela diretora executiva da ONU-Habitat (Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos), Maimunah Mohd Sharif, durante a cerimônia de abertura na capital do Quênia.

A cúpula conta com cerca de três mil delegados, entre eles quatro chefes de Estado e dezenas de representantes ministeriais.

"Se não inovarmos e continuarmos fazendo negócios como até agora, não haverá muita esperança para ninguém", explicou a diretora à imprensa após a inauguração no complexo das Nações Unidas em Nairóbi, onde a ONU-Habitat também tem a sua sede.

Esta é a primeira Assembleia desta agência da ONU, na qual o México foi eleito por unanimidade como presidente da mesma e do comitê executivo, que ainda contará com representantes de outros 36 países.

"Se administrarmos corretamente, o urbanismo tem o potencial de proporcionar oportunidades para uma vida melhor", ressaltou a nova presidente da Assembleia, a subsecretária para Assuntos Multilaterais e Direitos Humanos do México, Martha Delgado, que disse que "o meio urbano é uma prioridade agora".

Em vídeo exibido no fórum, o secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou que "cidades bem planejadas e gerenciadas podem nos levar a um crescimento inclusivo e a um desenvolvimento sustentável com baixas emissões".

"Ao mesmo tempo, a urbanização rápida e sem planejamento pode gerar problemas graves como a poluição, o crime, a desigualdade, doenças, vulnerabilidade diante de catástrofes e a falta de habitação acessível", analisou Guterres.

Atualmente, 55% da população mundial vive em cidades, um número que deve aumentar para 68% até 2050. No entanto, 60% das infraestruturas que serão necessárias nas cidades até 2030 ainda não foram construídas, segundo dados da ONU.

Isso quer dizer que, segundo cálculos da ONU e da Organização Internacional de Migrações (OIM), cerca de 3 milhões de pessoas se mudam para uma cidade a cada semana. E 90% desses novos êxodos ocorrerão na África e na Ásia, as duas regiões mais rurais do mundo.

Segundo Sharif, esse fenômeno significa que os problemas já existentes se somarão a outros novos, como a extrema pobreza, a discriminação de gênero, as crises humanitárias, o alto desemprego e o impacto da mudança climática.

As áreas mais urbanas do mundo são América do Norte (82% da população vive em cidades), América Latina e Caribe (81%), Europa (74%) e Oceania (68%).

Cerca de nove milhões de pessoas residem na Cidade do México, uma das maiores cidades do mundo. Por isso é importante que o México presida esta Assembleia até a seguinte, que será realizada em quatro anos.

"Temos muitos assentamentos humanos que necessitamos desenvolver de outra forma", ressaltou a subsecretária mexicana em entrevista coletiva.

Sob o lema "Inovação para uma melhor qualidade de vida em cidades e comunidades", a Assembleia, que terminará na sexta-feira, abordará temas como a mudança climática nas cidades, transportes eficientes e o uso da tecnologia para melhorar o nível de vida.

Além disso, é esperada a aprovação do plano estratégico de funcionamento da ONU-Habitat de 2020 a 2025, uma declaração ministerial e várias resoluções que ajudem a implementar e tornar efetiva a "Nova Agenda Urbana" adotada em Quito (Equador) em 2016, que é o livro branco para o urbanismo sustentável.

"Acelerar a implementação da agenda urbana é urgente e importante", afirmou o presidente queniano e anfitrião do fórum, Uhuru Kenyatta, durante o ato de abertura.

Outro assunto pendente é o relacionado aos assentamentos informais, onde vivem 25% das pessoas que habitam as cidades no mundo. Um fenômeno que, com o crescimento da população urbana, deve seguir aumentando.

Durante os próximos quatro dias, os governos de todo o mundo se comprometerão em Nairóbi a criar cidades mais habitáveis, sustentáveis, ecológicas e igualitárias. EFE