Congresso do Peru dá voto de confiança ao governo de Martín Vizcarra
Lima, 5 jun (EFE).- O Congresso do Peru decidiu nesta quarta-feira dar um voto de confiança ao presidente Martín Vizcarra para aprovar uma reforma política que visa combater a corrupção.
A votação da questão de confiança foi proposta pelo primeiro-ministro do Peru, Salvador del Solar, a pedido do governo, e o resultado dilui a possibilidade de uma dissolução do Congresso.
Segundo a Constituição peruana, um voto contrário à medida teria obrigado Vizcarra a substituir todo o governo. Mas, como o Congresso já forçou uma reforma ministerial, o presidente também teria a opção de reagir e convocar novas eleições legislativas no país.
A sessão que discutiu a proposta começou ontem, com a apresentação da questão de confiança pelo primeiro-ministro. Só hoje os parlamentares concluíram o debate e realizaram a votação, em meio de grande expectativa de opositores e grupos ligados ao governo.
Com 77 votos favoráveis, 44 contrários e três abstenções, o Congresso decidiu dar um voto de confiança ao governo de Vizcarra.
Dominado pelo partido fujimorista Força Popular, o Congresso já havia rejeitado uma questão de confiança do atual governo, na época ainda liderado por Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou em 2018.
Como Vizcarra, até então vice-presidente, faz parte do mesmo governo, ele teria a opção de convocar novas eleições legislativas caso o Congresso decidisse votar contra a medida.
O presidente propôs uma reforma para modificar a imunidade dos parlamentares, os requisitos para se candidatar a cargos públicos e o financiamento dos partidos. O projeto também prevê medidas para promover outras temas, como a igualdade de gênero na política.
O objetivo é criar mecanismos para evitar condutas e situações que facilitaram crimes de corrupção nos governos anteriores.
Os últimos quatro ocupantes da presidência estão na mira da Justiça por envolvimento com o escândalo da Odebrecht. Um deles, o ex-presidente Alan García, se suicidou pouco antes de ser preso preventivamente a pedido do Ministério Público.
A fujimorista Rosa Bartra, presidente da Comissão de Constituição do Congresso, responsável pela tramitação da reforma política, revelou que não daria um voto de confiança ao governo.
"Não quero ser cúmplice da destruição do sistemas de freios e contrapesos da nossa Constituição", afirmou a parlamentar.
Bartra negou não ter dado prioridade ao projeto, como alegou Del Solar, e disse que o primeiro-ministro não têm capacidade de liderar as mudanças necessárias na Constituição peruana.
Os fujimoristas defenderam a autonomia da oposição na hora de votar e, apesar de terem decidido dar um voto de confiança a Vizcarra, passaram o debate criticando o presidente peruano.
A única bancada que manteve a decisão de votar contra a questão de confiança foi a do esquerdista Novo Peru, que questionou a mudança de postura do fujimorismo ao apoiar Vizcarra.
"Votaram a favor porque não estão dispostos a deixar o Congresso", disse a parlamentar Indira Huilca, considerando a hipótese de o Força Popular perder força nas urnas em caso de nova eleição legislativa. EFE
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