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Candidatos democratas atacam Trump na primeira rodada dos debates

27/06/2019 04h35

Álvaro Blanco

Miami, 27 jun (EFE).- Os dez primeiros candidatos democratas à Casa Branca participam do debate que inicia a corrida eleitoral nos Estados Unidos atacaram na quarta-feira as políticas migratórias, a reforma fiscal, a diplomacia e o retrocesso na luta contra a crise climática do presidente Donald Trump.

À espera que nesta quinta subam ao palanque outros dez candidatos no segundo dia do debate da emissora "NBC", em Miami, o nome do republicano quase não foi mencionado, mas aconteceram críticas diretas às principais medidas de seu governo.

O resumo da mensagem democrática foi feito em seu discurso final do ex-secretário de Habitação, Julián Castro, que disse em espanhol que farão todo o possível para "dar tchau" a Trump nas eleições de novembro de 2020.

O único latino-americano entre os candidatos não foi, no entanto, o único em falar em espanhol, língua em que o ex-congressista Beto O'Rourke e o senador Cory Booker se expressaram em diversas ocasiões.

Enquanto Trump realizava sua viagem para participar, a partir de sexta-feira, da cúpula do G20, em Osaka (Japão), e chamava de "chato" o debate, os dez candidatos criticaram boa parte de seu governo.

A senadora Elizabeth Warren, a única das candidatas de hoje entre os cinco primeiros favoritos das pesquisas, abriu este debate histórico pois pela primeira vez houve mais de uma mulher - três em particular -, em que ela esteve ao lado das integrantes do Congresso Amy Klobuchar e Tulsi Gabbard.

O debate começou a se concentrar na economia, o ponto que Trump mais presume, com uma taxa de crescimento anual de 3,1% no primeiro trimestre e desemprego de 3,6%, em níveis não vistos em quase meio século.

Mas Warren atacou pela desigualdade que é mantida no país com uma "parcela cada vez menor" que goza da bonança, graças à redução de impostos para grandes empresas, enquanto não está indo tão bem para o resto dos americanos".

Os críticos a esta situação eram comuns entre os candidatos, como O'Rourke, que surpreendeu ao dizer em espanhol que é necessário "incluir a todos nesta economia".

No mesmo sentido, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que "há muito dinheiro no mundo, mas está nas mãos erradas".

O congressista Tim Ryan enfatizou a necessidade dos democratas se conectarem e fornecerem soluções para a classe trabalhadora.

Neste sentido, o ex-congressista John Delaney disse que o Partido Democrata deve se concentrar não apenas em Trump e na possível interferência russa nas eleições de 2016, mas nos problemas diários da população, como emprego ou qualidade de vida.

Sobre a questão da saúde, ocorreram as propostas mais progressistas desta campanha democrata, como a saúde universal, algo que até recentemente era impensável no país.

Tanto Warren como Gabbard asseguraram que a saúde é um "direito humano básico" e, com nuances, majoritariamente apoiaram a ideia de atendimento na saúde pública para toda a população, embora O'Rourke e Delaney se mostraram mais dispostos a permitir que as pessoas continuassem com seus planos de saúde privados.

Castro foi o centro das atenções quando falou no tema da imigração, ao destacar que um plano migratório que evitaria casos como a morte do pai salvadorenho Óscar Alberto Martínez e sua filha de 1 ano e 11 meses, no último final de semana, no rio Grande.

Suas mortes, e a de outros muitos imigrantes, se devem, segundo os democratas, às duras políticas migratórias de Trump.

Este tema foi o motivo do primeiro grande confronto da noite, entre o próprio Castro e O'Rourke, concretamente por uma seção que criminaliza o cruzamento ilegal dos imigrantes ilegais, o que dificulta sua tentativa de permanecer legalmente nos EUA.

Gabbard foi a mais contundente quando o debate chegou na questão da escalada da tensão diplomática com Teerã, ao dizer todos os americanos deveriam "levantar-se" para rejeitar uma possível guerra com o Irã", que, na sua opinião, seria mais devastadora que a Guerra do Iraque (2003-2011) e exacerbaria a crise de refugiados na região.

Booker foi o único que não concordou que Washington não deveria deixar no ano passado do acordo nuclear com Teerã e explicou que, embora fosse um bom negócio, ele aproveitaria a oportunidade como presidente para conseguir um melhor.

Tulsi Gabbard disse depois que o principal desafio do país é um possível conflito nuclear, enquanto o governador do estado de Washington, Jay Inslee, apontou para Trump como a principal "ameaça", ideia reforçada por Klobuchar ao dizer que o atual presidente está a "10 minutos" e "um tweet" de envolver o país em um conflito armado com o Irã.

Enquanto a primeira rodada deste debate estava sendo realizada, que na quinta-feira terá dez outros candidatos, incluindo o ex-vice-presidente Joe Biden e o senador Bernie Sanders, que lideram as pesquisas, na parte externa do Adrienne Arsht Center, em Miami, um grupo de cubanos protestaram com cartazes de "Não ao comunismo" e palavras de ordem a favor do capitalismo. EFE