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Brasil cancela status de refugiados de 3 paraguaios acusados de sequestro

23/07/2019 10h41

Assunção, 23 jul (EFE).- O ministro da Justiça, Sergio Moro, revogou o status de refugiado político de três militantes de esquerda residentes no Brasil desde 2003 e requeridos pelo Paraguai por um caso de sequestro, segundo informaram nesta terça-feira as autoridades paraguaias.

O promotor paraguaio de Assuntos Internacionais, Manuel Doldán, confirmou que Moro rejeitou a apelação administrativa à revogação desse status apresentada por Juan Arrom, Anuncio Martí e Víctor Colmán.

Arrom e Martí denunciaram ter sido sequestrados e torturados por agentes policiais de seu país antes de ficarem à disposição da Justiça em 2002 pelo caso do sequestro de María Edith Bordón, um ano antes.

Os três militantes apelaram contra a decisão do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) do Brasil, que em meados de junho decidiu cancelar o status de refugiados.

Nesse sentido, Doldán explicou em uma rede social que Moro rejeitou essa apelação alegando que "os fatos que levaram à concessão do refúgio em 2003 já não existem e que não há razões para pensar que no Paraguai não teriam o devido processo e julgamento justo".

A revogação foi elogiada hoje pelo presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que também em uma rede social disse que "já é tempo de que os três ativistas retornem ao país para prestar contas de seus atos diante da Justiça paraguaia".

Após o cancelamento do status, o procedimento continua com a extradição dos três, já solicitada pelo Paraguai.

Arrom e Colmán tinham denunciado o Paraguai diante da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) por supostas torturas para que confessassem participação no sequestro de Bordón, esposa de um rico empresário e libertada após 64 dias de cativeiro e o pagamento de um resgate.

No entanto, no começo de junho a CorteIDH absolveu o Estado paraguaio de qualquer responsabilidade por falta de provas.

A investigação do sequestro de Bordón determinou a condenação de várias pessoas, entre elas Alcides Oviedo, suposto líder da guerrilha Exército do Povo Paraguaio (EPP), a 18 anos de prisão. EFE