Após massacres, ONU cobra de governos e redes sociais medidas para conter crimes de ódio
O Escritório da ONU para os Direitos Humanos pediu hoje a governos e às empresas que administram redes sociais que adotem medidas para conter os discursos de ódio contra etnias, religiões e outros coletivos, a fim de prevenir crimes como o ocorrido no último sábado em El Paso, no Texas.
"Pedimos às administradoras de redes sociais e aos governos que trabalhem juntos no desenvolvimento de legislações que levem em conta a base dos direitos humanos a fim de reduzir os riscos de novos crimes de ódio", destacou em entrevista coletiva o porta-voz do escritório Rupert Colville.
Veja também
- Como foram os dois massacres deste fim de semana nos Estados Unidos
- Ataque de atirador no Texas: 'Eu perdoo o homem que matou meu filho e sua esposa'
- "Doentes mentais puxam o gatilho, não as armas", diz Trump sobre massacres
- Congressista americana culpa “ativistas gays e drag queens” por tiroteios em massa
O representante também expressou a preocupação da agência com "o aumento dos ataques nos Estados Unidos contra sinagogas, mesquitas, e um clube noturno em Orlando" (nesse último caso, a maioria das vítimas eram LGBT).
"Condenamos o racismo, a xenofobia e a intolerância em todas as suas formas, incluindo o supremacismo branco, e pedimos a todos os governos, entre eles o dos EUA, que tomem medidas para erradicar a discriminação", acrescentou o porta-voz.
O suspeito do massacre de El Paso, no qual oito dos 22 mortos eram mexicanos, divulgou um manifesto na internet antes do ataque. O texto defendia a necessidade de os "brancos" impedirem a "invasão" de imigrantes.
Diante das vozes que acusam o presidente americano, Donald Trump, de ter favorecido este tipo de discursos racistas, Colville afirmou que "as autoridades têm a responsabilidade para que suas ações não contribuam de nenhum modo com estereótipos que levem à discriminação ou violência".
"Este tipo de mensagem pode estigmatizar e desumanizar minorias como migrantes, refugiados, mulheres, pessoas LGBT, e fazer com que algumas comunidades fiquem vulneráveis a ataques, por isso (as autoridades) devem assumir responsabilidades neste sentido", acrescentou.