Quem é Hunter Biden, o pivô do pedido de impeachment de Trump?
Alex Segura Lozano.
Washington, 26 set (EFE).- A controversa ligação que motivou a abertura de um processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem um protagonista inesperado que tornou-se o pivô de uma das maiores crises políticas da história recente do país: Hunter Biden.
Filho de Joe Biden, vice-presidente do país durante os dois mandatos de Barack Obama e um dos candidatos democratas nas primárias para as eleições de 2020, Hunter, de 49 anos, era o principal alvo da investigação pedida por Trump ao presidente da Ucrânia, Vladimir Zelenski, durante a conversa que abalou as estruturas de Washington e pode provocar a saída antecipada do republicano no poder.
Um memorando divulgado ontem pela Casa Branca mostra Trump solicitando reiteradas vezes a Zelenski para investigar, com apoio das autoridades americanas, a atuação do filho de Biden na Ucrânia. Hunter fez parte do conselho de administração da empresa de gás ucraniana Burisma por cinco anos, como parte de uma "junta internacional de alto perfil" montada por Mykola Zlochevsky, empresário e ex-ministro de Ecologia do país.
Para justificar a abertura do impeachment, os democratas acusaram Trump de trair a Constituição e de ameaçar a segurança nacional do país ao tentar pressionar o presidente de um país estrangeiro a investigar dois americanos - Biden e o filho - para obter benefícios políticos nas eleições de 2020.
Mas quem é Hunder Biden?
INFÂNCIA E ESTUDOS EM UNIVERSIDADES DE ELITE
O episódio que marcou a infância de Hunter ocorreu em 1972, quando ele sofreu um grave acidente de carro no qual morreram sua mãe e sua irmã mais nova. Ele e seu outro irmão, Beau, que faleceu em 2015 vítima de um câncer, foram os únicos sobreviventes.
Mais tarde, Hunter estudou História na Universidade de Georgetown, em Washington, e obteve um mestrado em Direito na prestigiada Universidade de Yale, em 1996.
ABUSO DE DROGAS, ÁLCOOL E PROSTITUTAS
Em uma longa entrevista concedida à revista "The New Yorker" em julho deste ano, Hunter admitiu ter consumido álcool e diferentes tipos de drogas durante décadas. De fato, o filho de Biden foi expulso da Marinha dos EUA após testar positivo para cocaína em um exame.
A ex-esposa de Hunter, Kathleen, entrou com uma ação contra ele em 2017 e pediu à Justiça para congelar os bens do ex-marido alegando que ele "criou preocupações financeiras para família ao gastar de maneira extravagante em seus próprios intereses", que seriam, segundo ela, drogas, álcool, prostitutas, clubes de striptease e presentes para mulheres com as quais teve relações sexuais. Hunter nega as acusações.
VIDA SENTIMENTAL CONTURBADA
Em 2015, Kathleen, primeira esposa de Hunter e mãe de seus três filhos, pediu a ele o divórcio após 24 anos de casado acusando-o de infidelidade. Pouco depois, Hunter começou a sair com Hallie, a viúva do irmão falecido no mesmo ano devido a um câncer cerebral. O romance recebeu "apoio total" de Biden e sua atual mulher, Jill.
No entanto, Hunter e Hallie se separaram no início deste ano. Em maio, o filho do ex-vice-presidente se casou pela segunda vez com a diretora de cinema sul-africana Melissa Cohen.
NEGÓCIOS SUSPEITOS
Apesar de o escândalo envolver as relações de Hunter com a Ucrânia, a vida profissional do filho de Joe Biden é marcada por casos nada transparentes. Quando estava no conselho do Programa Mundial de Alimentos dos EUA, Hunter sugeriu ao magnata chinês Ye Jiamming a utilização de "contatos" que ele possuía para identificar oportunidades de investimento.
Na mesma noite, Ye enviou um diamante de 2,8 quilates, avaliado em cerca de US$ 80 mil, ao quarto de Hunter. O filho de Biden descartou que o presente fosse, na verdade, um suborno, mas evitou ficar com a pedra preciosa e a repassou para seus sócios.
RELAÇÃO COM A UCRÂNIA
Em 2014, quando Joe Biden começou a viajar à Ucrânia devido ao conflito pela península da Crimeia, anexada pela Rússia, Hunter aceitou um cargo no conselho de administração da maior companhia privada de gás do país, a Burisma, com salário superior a US$ 50 mil.
Um possível conflito de interesses, com Hunter sendo beneficiado em um país onde seu pai trabalhava ativamente representando o governo americano, chegou a ser divulgada pela imprensa na época, mas o caso não avançou.
No entanto, Biden pai disse ao governo da Ucrânia em 2016 que deveriam demitir um promotor, acusado de corrupção, para receber US$ 1 bilhão em ajuda dos EUA. Esse promotor tinha aberto um processo contra a Burisma, motivo pelo qual Trump pediu a Zelenski que o assunto seja esclarecido. EFE
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