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Chanceler russo defende entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU

Sergei Lavrov é ministro de Relações Exteriores da Rússia - KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP
Sergei Lavrov é ministro de Relações Exteriores da Rússia Imagem: KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP

Em Nova Déli

15/01/2020 14h07

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pediu hoje uma mudança nas relações internacionais e a inclusão de Brasil, Índia e algum país africano como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

As declarações de Lavrov foram feitas durante a participação no Raisina Dialogue, um fórum político e econômico organizado pelo governo indiano em Nova Déli, onde o chanceler também se pronunciou contra as "sanções unilaterais" impostas por alguns países potências a outros e contra a construção da ordem mundial baseada na "força bruta".

"Eu diria que a principal deficiência do Conselho de Segurança é a baixa representação dos países em desenvolvimento. Reiteramos a nossa posição de que Índia e Brasil merecem absolutamente estar no conselho juntamente com um candidato africano", disse o ministro.

"Nossa posição é que o objetivo da reforma (do Conselho) é assegurar que os países em desenvolvimento sejam melhor tratados no órgão central das Nações Unidas", acrescentou.

Lavrov especificou que as novas presenças no organismo internacional deveriam ser como membros permanentes, posição atualmente ocupada apenas por cinco países: Rússia, Estados Unidos, China, França e Reino Unido.

Além disso, mais dez países são membros temporários do Conselho, incluindo atualmente Bélgica, Alemanha, Indonésia e África do Sul, entre outros. Lavrov enquadrou a reforma do Conselho de Segurança da ONU entre as novas relações diplomáticas do século 21.

"O século 21 é o tempo em que devemos nos libertar de qualquer método de lidar com as relações internacionais de forma colonial ou neocolonial, e as sanções impostas unilateralmente não vão funcionar, ou seja, não é diplomacia", disse Lavrov, referindo-se às sanções econômicas que alguns países, como os EUA, impuseram a outros, como Irã e Rússia.

"Acho que não devemos discutir sobre sanções e meios não diplomáticos quando pensamos sobre o futuro do mundo", argumentou o chanceler.

O ministro russo acrescentou que "a ordem democrática mundial deve ser baseada não no equilíbrio da força bruta, mas construída como um concerto de interesses, modelos de desenvolvimento, culturas (e) tradições".

Lavrov também sugeriu que os países do Golfo Pérsico "pensem em mecanismos de segurança coletiva" e que comecem a "construir confiança" participando conjuntamente em exercícios militares, diante do recente aumento da tensão no Oriente Médio.

Essa tensão ganhou grandes proporções após os EUA assassinarem o general iraniano Qassim Suleimani no Iraque e continuou com o ataque de mísseis do Irã contra bases com a presença de tropas americanas no território iraquiano.

Lavrov disse ontem, durante uma visita ao Sri Lanka antes de participar do fórum indiano, que a Rússia não pretende intervir no conflito, embora tenha descrito o assassinato de Suleimani como um ato fora das regras de comportamento internacional.