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Americano detido na Venezuela diz que ataque visava levar Maduro aos EUA

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro -
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

De Caracas

07/05/2020 01h41

Luke Denman, um dos dois americanos detidos na Venezuela por participarem de um ataque marítimo frustrado no país no último domingo, disse nesta quarta-feira que tinha ordens para assumir o controle do aeroporto nas imediações de Caracas e enviar o presidente Nicolas Maduro aos Estados Unidos.

"Tinha que ter certeza de que assumi o controle do aeroporto para que pudéssemos levar Maduro com segurança para o avião", disse o americano, que também declarou ter entrado para as Forças Armadas dos EUA em 2006 e se especializado em infiltração e trabalhos táticos.

As declarações de Denman em interrogatório foram apresentadas por Maduro durante uma entrevista coletiva realizada no palácio presidencial de Miraflores, na capital do país sul-americano, que também contou com a presença de ministros e do alto comando militar e teve a participação de embaixadores e jornalistas por videoconferência.

O americano explicou que sua parte no plano, descrita pelo governo venezuelano como uma invasão fracassada, consistia em estabelecer "segurança própria", se comunicar com as torres do aeroporto que servem Caracas e "trazer os aviões".

"Um (desses aviões) era para levar Maduro para os EUA", contou o americano em um interrogatório com mais de 30 perguntas e que foi filmado e exibido na imprensa estatal.

Denman disse ter trabalhado com Jordan Goudreau, representante da empresa americana Silvercorp, nesse plano, e alegou ter entrado na Venezuela com dois compatriotas, mas até agora apenas dois americanos foram detidos: ele e Airan Berry.

Quando perguntado sobre quem comanda Goudreau, Denman respondeu: "presidente Donald Trump".

Maduro afirmou considerar impossível que os governos de Estados Unidos e Colômbia consigam provar não ter ligação com o caso porque, segundo ele, inúmeras evidências os ligam ao ataque, ocorrido entre domingo e segunda-feira no litoral dos estados de La Guaira e Aragua.

Além disso, Denman mostrou no vídeo do interrogatório um contrato no qual, segundo ele, consta a intenção de retirar Maduro da Venezuela. O documento seria assinado por Goudreau, o assessor político venezuelano Juan José Rendón e o líder da oposição Juan Guaidó.

A resposta do governo venezuelano para dissuadir essa "tentativa de assassinato" deixou até agora oito pessoas envolvidas mortas e pelo menos 19 detidas.