Governo dos EUA censurou discursos defendendo uso de máscaras por crianças
E-mails acessados pelo jornal Politico mostram que um funcionário do Departamento de Saúde dos Estados Unidos tentou censurar o principal epidemiologista do governo, Anthony Fauci, para impedi-lo de promover o uso de máscaras em crianças como forma de tentar conter a propagação do coronavírus.
As correspondências mostram que Paul Alexander, assessor de imprensa do Departamento de Saúde, tentou interferir no discurso de Fauci para o público através de entrevistas a veículos como Bloomberg, BuzzFeed e Huffington Post, além da revista especializada Cell.
Em particular, Alexander se dedicou a fazer avançar algumas das posições do presidente dos EUA, Donald Trump, que pediu a reabertura imediata de todas as escolas e durante meses contradisse os cientistas, questionando a eficácia das máscaras. Depois, no entanto, o chefe de governo precisou recuar.
Um dos e-mails de Alexander refere-se a um resumo que o escritório de imprensa havia preparado para uma entrevista que Fauci concederia à Bloomberg. "Ainda tenho um problema com crianças fazendo testes repetidos e até mesmo com estudantes universitários fazendo testes regularmente. E eu discordo do Dr. Fauci sobre isso. Com veemência", escreveu.
Em outra dessas correspondências, o funcionário do Departamento de Saúde pediu à assessoria de imprensa do órgão para não expor o epidemiologista fomentando o uso de máscaras por crianças.
"Vocês poderiam se certificar que o Dr. Fauci indica que as máscaras são para professores, não para crianças?", perguntou o funcionário: "Não há dados, nada, zero, no mundo inteiro, que mostre que as crianças, especialmente as mais novas, estão infectando outras crianças, adultos ou seus professores. Não há nada. E se isso acontecer, o risco é zero", acrescentou.
A revelação do Politico evidencia ainda mais as divergências entre Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alergias dos EUA, que tem relutado em reabrir escolas, e os conselheiros de Trump, que têm priorizado a recuperação da economia.
Além disso, a notícia veio depois que o jornalista Bob Woodward, conhecido por ajudar a descobrir o Watergate nos anos 70, revelou que o chefe de Estado sabia ainda em fevereiro que a pandemia da covid-19 poderia causar grandes estragos, mas minimizou a gravidade da doença para a população.
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