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Congresso admite debater cassação do presidente do Peru

12/09/2020 01h27

Lima, 11 set (EFE).- O pedido de cassação do presidente do Peru, Martin Vizcarra, por suposta incapacidade moral, será discutido na próxima semana em sessão plenária parlamentar, conforme decidido pelo Congresso do país nesta sexta-feira.

A abertura do processo que pode levar à saída de Vizcarra do poder foi aprovada com um placar de 65 votos a favor, 36 contra e 24 abstenções. Para que ela se concretize, porém, são necessários 87 votos na sessão decisiva.

O Conselho dos Porta-vozes decidirá nas próximas horas a data em que Vizcarra apresentará suas alegações antes de o plenário votar sobre sua eventual cassação.

O Congresso apresentou uma moção para retirá-lo do cargo como resultado de três áudios divulgados ontem em que o presidente peruano é ouvido orientando assessores dele a mentirem em um inquérito sobre sua relação com o cantor Richard Swing, investigado por supostamente ter se beneficiado de contratos irregulares com o governo.

Durante o debate da moção, o congressista opositor Omar Chehade disse que ela deveria ser admitida porque, nos fatos relatados, "nota-se uma organização criminosa, uma associação ilícita" e que "há um grupo mafioso no Palácio (do governo)".

Chehade reiterou que as orientações do presidente aos assessores "obstruem a ação da justiça ao mentir para o Ministério Público para salvar sua própria pele".

A também opositora Maria Retamozo disse que seu partido, o Frepap, "exige que o presidente assuma sua responsabilidade, que fale a verdade", porque "um presidente que mente é ilegítimo para governar".

Por outro lado, o partido Morado mostrou-se a favor de manter as investigações que estão em andamento na Comissão de Fiscalização do Parlamento e no Ministério Público em relação ao caso envolvendo Richard Swing.

Gino Costa, congressista pela legenda, disse que os três áudios divulgados ontem deveriam ser incorporados à investigação conduzida pela Comissão de Fiscalização, mas criticou o fato de que o líder deste grupo de trabalho, Edgar Alarcón, tenha vazado os áudios e "viciado" as investigações.

De forma paralela ao debate em plenário, essa comissão questionou uma assistente de Vizcarra, Karem Roca, que acusou o presidente de pressioná-la a renunciar para assumir a responsabilidade pela presença de Swing no Palácio do Governo.

Roca negou ter gravado as conversas com Vizcarra e outras pessoas próximas a ele, mas reconheceu sua voz nos três áudios divulgados por Alarcón.

"Os três áudios de ontem têm minha voz, (mas) o último, no qual me ligam a uma trama, eu nego, não é minha voz, nego categoricamente. É uma infâmia", disse ela sobre outros áudios veiculados pela imprensa peruana.

Roca evitou entrar em detalhes sobre as razões do confronto com Vizcarra a respeito do caso e disse que os daria em depoimento ao Ministério Público. EFE

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