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Envio de remessas de imigrantes mexicanos nos EUA sobe 10%, apesar de Covid

Imigrantes da América Central chegam à fronteira do México com os EUA, em Tijuana - Meghan Dhaliwal/The New York Times
Imigrantes da América Central chegam à fronteira do México com os EUA, em Tijuana Imagem: Meghan Dhaliwal/The New York Times

29/09/2020 16h30

Apesar de terem sido atingidos pela crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, os imigrantes mexicanos nos Estados Unidos e enviaram a seu país de origem mais de US$ 22,8 bilhões entre janeiro e julho de 2020, valor 10,1% maior em comparação com o mesmo período de 2019.

Segundo estes dados do Banco do México, a remessa média nos seis primeiros meses deste ano foi de US$ 337, 4,33% mais que os US$ 323 enviados no mesmo período de 2019, e a quantidade de operações passou de 64,14 milhões para 67,64 milhões.

Diante dessa situação, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, calculou que as remessas enviadas a seu país neste ano podem estabelecer um recorde e chegar a US$ 40 bilhões.

Entre os motivos que justificam esse aumento estão as eleições presidenciais de novembro nos EUA e a possibilidade de que o atual mandatário, Donald Trump, seja reeleito, o que deixa muitos imigrantes inseguros sobre seu futuro no país.

Um exemplo disso é o caso so pedreiro Luis Rojas, que vive em Los Angeles, na Califórnia, há 18 anos. Ele decidiu enviar US$ 500 para seus pais em Colima, no México, US$ 200 a mais do que costuma mandar.

"O futuro não parece muito bom, não sabemos o que vai acontecer neste país e, se nos expulsarem, devemos ter algo para nos sustentarmos no México. Precisamos aproveitar que a taxa de câmbio está boa", disse Rojas à Efe.

Para cada dólar enviado pelo operário, seus pais receberam cerca de 22 pesos mexicanos, quantia com o qual podem comprar alimentos como macarrão, farinha de trigo, atum enlatado ou um litro de leite.

O imigrante decidiu enviar a remessa na segunda-feira após ler que o dólar havia iniciado o dia em alta pela primeira vez em quase um mês.

"Tem que aproveitar quando eles estão pagando bem", disse Rojas, cujos pais gastam cerca de US$ 250 para pagarem despesas e guardam o resto do dinheiro para ele.

"Quero ter economias no México, porque nunca se sabe. Muitas pessoas que conheço estão fazendo o mesmo", afirmou o mexicano de 38 anos, que não quis revelar se é residente legal ou não.

Nem o coronavírus impediu remessas

Para Diana Bustamante, de Chiapas, no México, o "racismo" que existe nos Estados Unidos é outro motivo para que os imigrantes enviem mais dinheiro a seus países de origem.

Por isso, apesar de ter tido que deixar de trabalhar durante a pandemia de Covid-19, a jovem de 25 anos, que mora em Los Angeles, não deixou de enviar dinheiro para sua avó.

"Por alguns meses não consegui mandar o valor que costumava, mas ela recebeu o suficiente para comprar alguns alimentos e pagar as contas de luz e gás", disse Diana à Efe.

A jovem, que trabalhava em um restaurante, contou que foi criada pela avó depois que sua mãe emigrou quando ela tinha apenas 3 anos.

Diana, que por ser imigrante legal conseguiu receber um auxílio econômico do governo federal destinado aos trabalhadores afetados pela pandemia, está agora planejando enviar uma quantia maior de dinheiro à avó em dezembro.

"Para o Natal, sempre mando mais, e espero que a situação econômica melhore, já estão me dando mais turnos (no trabalho)", acrescentou.

Nesse sentido, o Banco do México explicou que as ajudas financeiras distribuídas pelo governo e o retorno das atividades econômicas em estados como a Califórnia e o Texas, onde se concentra a maior parte dos imigrantes mexicanos, são alguns dos fatores que influenciaram no aumento das remessas ao país, apesar de que nem todos os imigrantes tenham voltado a trabalhar ou recebido incentivos.