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China aprova sua 1ª vacina contra a covid-19 e deve distribuí-la gratuitamente

Víctor Escribano

Da EFE, em Xangai (China)

31/12/2020 15h28

A China concedeu nesta quinta-feira a primeira autorização de comercialização de uma das vacinas contra a covid-19 desenvolvidas no país. A vacina em questão é uma das duas desenvolvidas pela farmacêutica estatal Sinopharm, e o objetivo do governo é administrá-la gratuitamente aos cidadãos chineses.

A Sinopharm e sua subsidiária, o Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, solicitaram ontem a aprovação da Administração Nacional de Produtos Médicos (NMPA) após informar que a eficácia da vacina era de 79,34%, de acordo com os dados provisórios dos ensaios clínicos da fase 3.

Em uma entrevista coletiva realizada hoje em Pequim, o vice-presidente da NMPA, Chen Shifei, explicou que a instituição concluiu que "os benefícios conhecidos e potenciais desta vacina superam seus riscos conhecidos e potenciais" e que ela atende aos padrões estabelecidos para a aprovação condicional de comercialização.

O vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Zeng Yixin, afirmou que embora o preço de produção varie de acordo com a escala em que a vacina é utilizada, trata-se de um "bem público" e, portanto, a premissa é que no futuro ela será "fornecida gratuitamente à população" da China.

Em agosto, o presidente da Sinopharm, Liu Jingzhen, havia anunciado que o preço das duas doses necessárias não passaria de 1000 iuanes (US$ 153), o que excederia significativamente o de outras vacinas contra a covid-19, como as de Pfizer e Moderna, que além disso apresentaram eficácia de mais de 90% nos últimos testes.

Essas vacinas das farmacêuticas americanas são baseadas em uma nova técnica, a de RNA mensageiro, em vez do método tradicional, que utiliza vírus vivos ou inativados — como é o caso da produzida pela Sinopharm —, embora a necessidade de mantê-las em temperaturas muito baixas torne difícil sua distribuição.

Aval com Condições

O asterisco que acompanha a aprovação de Pequim é que a Sinopharm continuará a conduzir seus ensaios clínicos de acordo com os prazos estabelecidos e enviará os dados coletados às autoridades médicas do país para verificação e registro final.

Chen explicou que, segundo a legislação chinesa, uma vacina pode ser aprovada condicionalmente quando é "urgentemente necessária para responder a grandes emergências de saúde pública".

A NMPA continuará a avaliar outras vacinas que estão sendo desenvolvidas com o objetivo de "garantir que todas sejam seguras e eficazes, e que sua qualidade seja controlável".

O breve anúncio dos resultados do ensaio da fase 3, divulgado ontem, não incluiu dados como o número de participantes que contraíram o vírus, os efeitos colaterais relatados ou por que a eficácia de 79,3% é inferior à de 86% relatada há algumas semanas pelas autoridades dos Emirados Árabes Unidos, que a testaram.

Por outro lado, em linha com os dados informados pelo país árabe, a taxa de soroconversão de anticorpos neutralizantes da vacina chinesa é de 99,5%.

Na entrevista coletiva de hoje também não foram divulgados esses dados, o que deve acontecer "mais tarde nas revistas médicas chinesas e de outros países", segundo Wu Yonglin, vice-presidente da CNBG, uma subsidiária da Sinopharm.

Wu disse que os testes foram realizados com mais de 70 mil pessoas em países como EAU e Bahrein - ambos aprovaram estas vacinas antes mesmo da China - com padrões "que superam os existentes, incluindo os da OMS (Organização Mundial da Saúde)".

De qualquer forma, as dúvidas ainda a serem esclarecidas não desencorajaram os investidores da Sinopharm, cujas ações na bolsa de Hong Kong subiram 3,4% pouco antes do final do pregão desta quinta.

'Barreira Imunológica' em 2021?

O plano agora envolve — dependendo do aumento da capacidade de produção — a primeira vacinação de grupos de alto risco, como idosos e pessoas com doenças crônicas, antes da administração gradual ao resto da população.

Para formar uma "barreira imunológica" contra o novo coronavírus na China, cerca de 700 milhões de cidadãos precisam ser vacinados, ou seja, 1,4 bilhão de doses da vacina, disse recentemente o presidente da CNBG, Yang Xiaoming, ao jornal estatal "Global Times".

Por enquanto, a capacidade de produção da vacina da empresa contra a covid-19 é de cerca de 120 milhões de doses, mas Yang disse esperar que ela seja expandida para 1 bilhão de doses até 2021.