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Apesar da escassez de vacinas, casos de covid-19 seguem caindo na África

A cobertura vacinal continua "muito baixa", com apenas 50 milhões (3,6% da população continental) totalmente imunizada - OMS/Nadege Mazars
A cobertura vacinal continua "muito baixa", com apenas 50 milhões (3,6% da população continental) totalmente imunizada Imagem: OMS/Nadege Mazars

16/09/2021 21h12

Os novos casos de covid-19 caíram 30% na África na semana passada, mas o continente continua enfrentando problemas no fornecimento de vacinas, o que o impedirá de cumprir as metas de imunização deste ano, informou nesta quinta-feira a OMS (Organização Mundial da Saúde).

"Pela nona semana consecutiva, os novos casos diminuíram, com outra queda acentuada de 30% na última semana. Este declínio é uma boa notícia, mas não deve ser motivo para baixar a guarda", disse o diretor regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, em uma entrevista coletiva virtual.

Essa contração coincidiu na semana passada com a passagem da barreira de oito milhões de casos na África, onde muitos países sofrem uma terceira onda da doença, impulsionada principalmente pela variante delta, embora pareça estar diminuindo.

No entanto, sublinhou Moeti, a cobertura vacinal continua "muito baixa", com apenas 50 milhões (3,6% da população continental) totalmente vacinada.

O programa Covax, com o qual a OMS e outras organizações querem levar vacinas contra a covid-19 aos países em desenvolvimento, não conseguirá entregar as 2 bilhões de doses que havia projetado este ano e terá apenas 1,4 bilhão disponíveis, o que terá impacto na África.

Com a redução, o Covax deve entregar 470 milhões de doses ao continente africano, o que, segundo a agência da ONU, será "suficiente para vacinar apenas 17% da população, bem abaixo da meta de 40%" estabelecida para 2021.

Proibições de exportação e acúmulo de vacinas causam um estrangulamento no fornecimento de vacinas para a África. Enquanto os países ricos excluírem o Covax do mercado, a África não cumprirá suas metas de vacinação", alertou Moeti.

"É hora dos países produtores de vacinas abrirem suas portas e ajudarem a proteger aqueles que estão em maior risco", disse o diretor.

A este respeito, Moeti deseja que a Assembleia Geral da ONU, que será realizada na próxima semana em Nova York, aborde a "desigualdade no mundo, não apenas em África", uma vez que os países em desenvolvimento de outras regiões também enfrentam "desafios".

O diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças da África (CDC África), John Nkengasong, também falou sobre esta questão hoje em outra entrevista coletiva virtual.

Segundo Nkengasong, "o acesso às vacinas no continente" deve ser "um ponto central de discussão" na Assembleia Geral da ONU.

"O mundo desenvolvido está vacinado. A África, não", lembrou.

Até o momento, a África registrou pouco mais de oito milhões de casos e quase 205 mil mortes por covid-19.