Topo

Esse conteúdo é antigo

OMS avalia distribuição de vacinas para conter surtos de varíola dos macacos

Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS - Fabrice Coffrini/AFP
Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS Imagem: Fabrice Coffrini/AFP

08/06/2022 17h12

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta quarta-feira que está avaliando a quantidade e a eficácia das vacinas contra a varíola disponíveis para distribuição em quantidades relativamente pequenas a países onde foram detectados casos de varíola dos macacos.

"Existem antivirais e vacinas aprovadas para a varíola dos macacos, mas sua disponibilidade é limitada, e estamos coordenando a distribuição de estoques com base na equidade e nas necessidades de saúde pública", explicou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva.

Para isso, a organização tem mantido contato com países que disponibilizaram seus estoques e empresas que produzem essas vacinas, para determinar quantas doses existem no mundo e que tipos de vacinas estão envolvidas, além de confirmar a capacidade de produção e distribuição.

A OMS foi notificada nas últimas semanas de mais de 1 mil casos de varíola dos macacos em 29 países não endêmicos, particularmente na Europa.

"Temos diferentes gerações de vacinas, e a quantidade de cada uma varia. Também estamos analisando se eles foram testados, pois sua potência precisa ser verificada regularmente", afirmou a diretora de Epidemias e Pandemias da OMS, Sylvie Briand, também na coletiva.

"Não estamos recomendando vacinação em massa, mas dirigida a contatos próximos (de infectados), portanto não se trata de enviar milhões (de doses) para um lugar, mas alguns milhares para vários lugares do mundo, e precisamos avaliar a necessidade em cada lugar", disse Briand.

RISCO PARA PAÍSES NÃO ENDÊMICOS.

Tedros apontou que "o risco de a varíola dos macacos se estabelecer como uma doença (comum) em países não endêmicos é real" e que isso pode representar um risco para grupos vulneráveis, como mulheres grávidas e crianças.

"Este cenário pode ser evitado. Exortamos os países afetados a fazer um esforço para identificar todos os casos e contatos para controlar este surto e impedir sua propagação", disse.

Nos poucos lugares onde as vacinas estão disponíveis, elas estão sendo usadas para proteger profissionais de saúde e de laboratórios. Já a vacinação de pessoas que já foram expostas ao vírus pode ser considerada. Entretanto, essa opção deve ser reservada para pessoas de alto risco e que tenham tido contato muito próximo com alguém infectado, assim como para parceiros sexuais e membros da família que vivem sob o mesmo teto.

Em meio a todo esse alerta Tedros lamentou que o mundo esteja agora voltando a atenção para a varíola dos macacos, uma doença que foi detectada há meio século em humanos, mas que foi largamente ignorada porque não afetava os países ricos.

Somente neste ano, 1.400 casos foram detectados e 66 mortes por varíola dos macacos foram relatadas na África Ocidental e Central, onde a doença é endêmica.

COMO A DOENÇA GERALMENTE É TRANSMITIDA?

O meio de transmissão conhecido é através do contato físico interpessoal próximo.

"Face a face, pele a pele. Outros modos de transmissão podem ser através de erupções na pele, olhos, boca e membranas mucosas ao redor da área genital", explicou Rosamund Lewis, especialista da OMS, que também participou da coletiva.

Por esta razão, de acordo com ela, os profissionais de saúde que estão cuidando de pacientes com erupções cutâneas ou que já foram diagnosticados com varíola dos macacos são aconselhados a usar máscaras.

"Há uma possibilidade de transmissão através de gotículas que são expelidas quando se fala", afirmou.

"Também se sabe que profissionais de limpeza ou lavanderia foram infectados, possivelmente porque ingeriram partículas ao manusear roupas de cama ou toalhas", acrescentou Lewis.