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Mulheres negras passam a ser um quarto dos universitários no Brasil

Núcleo de Diversidade

19/08/2022 11h35

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Ao entrar na faculdade de artes visuais na USP (Universidade de São Paulo), Aryani Marciano, 26, ouviu de um professor que, antes dela, apenas três mulheres negras haviam passado por ali em 25 anos de curso. Moradora do bairro Morro Doce, na periferia de São Paulo, foi no dia a dia acadêmico, rodeado de pessoas brancas, que ela entendeu a importância das cotas.

Ter feito uma universidade foi muito bom para o meu currículo, pro jeito que a indústria me olha, que o mercado me olha. Mas faz muita diferença não só como currículo, mas acho que eu me sinto uma pessoa mais crítica, mais ativa. É mais do que só o diploma
Aryani Marciano, estudante

Com a Lei de Cotas prestes a completar 10 anos de existência, Universa mostrou como a política pública reduziu a distância entre mulheres negras e brancas na universidade. Segundo o IBGE, dos jovens que frequentavam educação superior em 2000, apenas 9,9% eram mulheres negras. Em 2019, sete anos após a lei, o índice subiu para 26,3% e se aproximou ao número de estudantes brancas (29,4%).

No entanto, essa jornada de ascensão também é marcada pelo preconceito nas universidades e a falta de auxílio financeiro, que faz com que alunos cotistas desistam de estudar.

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DEMOCRACIA... A estudante de direito Manuela Morais, presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, foi uma das oradoras da carta pela democracia, assinada por mais de 1 milhão de pessoas. Para Universa, ela disse que acredita que, até as eleições, o papel do movimento estudantil é se manter nas ruas.

ELEIÇÕES... O Brasil bateu recorde de candidaturas negras: mais de 27 mil foram registradas até o momento em todo o país. Segundo o TSE, essa é a primeira eleição geral em que há mais candidatos pretos e pardos do que brancos. Também houve recorde de candidaturas femininas.

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ARISTOCRACIA NEGRA.... Há 60 anos, a elite negra paulistana, que era impedida de se associar aos clubes tradicionais da cidade, formou o "Ari", como era chamado o "Aristocrata Clube". Ecoa conta a história do clube luxuoso embalado por shows de Jorge Ben e presenças de negros ilustres como Muhammad Ali.

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20 ANOS DO PENTA... Em ano de Copa do Mundo, o UOL recorda que fazem duas décadas que o Brasil ganhou o campeonato pela última vez. TAB conversou com jovens que nunca presenciaram o título, entre eles, o cantor de trap Welisson.

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EDUCAÇÃO... Um menino negro foi fantasiado de macaco em uma escola da rede municipal da Zona Leste. A mãe, Stephanie Silva, contou a Universa que prestou queixa por racismo e foi processada pela escola por calúnia.

NEGÓCIOS... A Justiça de São Paulo indeferiu o pedido de indenização por dano moral do diretor-técnico da Proz Educação, Juliano Pereira dos Santos, contra a Oracle do Brasil. Ele acusava a empresa de ofensa racial que teria sido praticada contra ele por um executivo de uma das empresas homologadas pela Oracle. Santos também foi condenado a pagar uma indenização.

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MULTIVERSO... Já imaginou entrar em uma barbearia e ver o Alexandre Pires ou o Latrel? Na periferia da zona oeste do Rio isso é possível (ou quase). A Vini Barber Shop, do barbeiro Vinicius Mello, virou point de sósias.

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DO MUNDO PARA O BRASIL... Diante das dificuldades que os refugiados encontram no país, sobretudo os imigrantes negros, a ONG Refúgio 343 já acolheu mais de 2 mil pessoas no Brasil. Ecoa mostra que o maior número de solicitações de reconhecimento da condição de refugiado vem de venezuelanos, angolanos e haitianos.

DA QUEBRADA PRO MUNDO... O escritor Alexandre Ribeiro lançou o livro "Da quebrada pro mundo", no qual conta suas experiências como favelado morando na Alemanha.

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DANDO A LETRA

Eduardo Carvalho, colunista do UOL.  - UOL - UOL
Imagem: UOL

"Em tempos de miséria, me assusta o crime da intolerância religiosa, tão presente na fala e atos públicos de políticos ou figuras que arregimentam multidões."
Eduardo Carvalho, colunista do UOL

Em Ecoa, Eduardo Carvalho critica a intolerância religiosa presente em discursos de figuras políticas.

Em Notícias, Chico Alves repercute o cancelamento do desfile de 7 de Setembro em Copacabana (RJ), evento bastante aguardado pelo presidente Jair Bolsonaro, e Cínthia Leone, da coluna Crise Climática, traz uma entrevista com a bióloga Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente.

"A "Nação Branca", será que realmente foi e é branca? Qual o lugar dos indígenas e negros na história do Uruguai?"
Fernanda Oliveira, colunista

Fernanda Oliveira, do Presença Histórica, explica o processo de independência do Uruguai, um país que invisibilizou a presença de negros e indígenas.

Em VivaBem, Larissa Cassiano explica como funciona o diafragma, um método contraceptivo que está voltando a ser comercializado no Brasil.

Em Splash, Aline Ramos reflete sobre a chegada dos 30 anos repercutindo tweets da cantora Anitta sobre o prazer de ficar em casa com os cachorros vendo filme.

Em Esportes, Rodolfo Rodrigues conta que o Flamengo iguala o Grêmio como o time com mais semifinais de Copa do Brasil.

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PEGA A VISÃO

Quando decidi colocar um fim na situação, tudo se agravou. Ainda morávamos na mesma casa e, numa noite, ele entrou em surto e começou a gritar e me xingar. Com medo, me tranquei em um dos quartos, mas ele entrou. Os xingamentos continuaram e ele passou a atirar objetos em mim
Rayanne Adorno, modelo

Rayanne Adorno, 29, modelo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

A modelo Rayanne Adorno começou a namorar o francês Malik Roy e eles moraram juntos em Budapeste (Hungria). Uma agressão, porém, mudou tudo e ela precisou retornar às pressas ao Brasil. Antes de fugir, o denunciou, mas continuou sendo vítima de injúria racial e stalking durante mais três anos. A Universa, Rayanne contou sua história e detalhes do que viveu, e como foi o ver sendo preso neste ano.

SELO PLURAL

Podcast Papo Preto 2022 - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

No episódio #92 de Papo Preto, Mário Medeiros, curador da exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência", fala sobre a importância do resgate histórico para um futuro antirracista.