Pela 3ª vez, Mugabe e Tsvangirai se enfrentam nas urnas no Zimbábue
Por Cris Chinaka
HARARE, 31 Jul (Reuters) - Os zimbabuanos votaram em peso nesta quarta-feira numa acirrada eleição que, pela terceira vez consecutiva, contrapõe o veterano presidente Robert Mugabe a seu maior rival, o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai.
Não há pesquisas confiáveis, e por isso é difícil dizer se Tsvangirai, de 61 anos, tem chances reais de destronar Mugabe, de 89 anos, o mais idoso governante da África e que está no poder desde que o Zimbábue tornou-se independente, em 1980.
Os dois lados dizem esperar uma vitória esmagadora.
Mas, num país com um histórico de violência eleitoral, a grande dúvida é se o derrotado aceitará o resultado de um pleito afetado por problemas logísticos e acusações de manipulação e intimidação. Mugabe, que rejeita acusações de fraude nesta eleição e em todas as anteriores, diz que entregará o cargo se for derrotado.
As urnas abriram na hora prevista, às 7h (2h em Brasília), e longas filas se formaram ainda de madrugada, apesar do frio intenso.
Numa sessão eleitoral na província de Manicaland, no oeste, muitos eleitores estavam enrolados em cobertores, numa fila que se estendia por um quilômetro. "Levantei às 4h, mas nem assim consegui o primeiro lugar na fila", disse Clifford Chasakara, funcionário de uma serraria. "Meus dedos estão dormentes, mas tenho certeza de que vou conseguir marcar a cédula assim mesmo. Estou determinado a votar e a ter meu voto contado."
Na capital, Harare, reduto de Tsvangirai, o ambiente era de animação. Um grande comparecimento, especialmente nas cidades, deverá beneficiar Tsvangirai e o seu Movimento pela Mudança Democrática (MDC), segundo analistas.
Ao votar num colégio da cidade, Tsvangirai disse esperar uma vitória "bastante ressonante".
Há um prazo legal de cinco dias para que os resultados sejam divulgados, mas é possível que a divulgação ocorra bem antes. Cerca de 6,4 milhões de pessoas, ou metade da população, estão cadastradas para votar.
Questionado na véspera sobre a posição do seu partido Zanu-PF em caso de derrota, Mugabe foi inequívoco: "Se você entra em um processo e participa de uma competição em que há apenas dois resultados, ganhar ou perder, não dá para ter ambos. Ou você ganha, ou você perde. Se você perde, deve se render".
Um porta-voz do MDC disse que o partido está disposto a aceitar o resultado das urnas apenas se for "livre e limpo".
Os EUA, que adotam sanções contra Mugabe, já questionaram a credibilidade do pleito, apontando a falta de transparência na sua organização e um viés pró-Mugabe na imprensa estatal e nas forças de segurança.
Após a eleição anterior, em 2008, cerca de 200 partidários de Tsvangirai foram mortos durante protestos, antes que a África do Sul que mediasse a formação de um governo de unidade nacional envolvendo os dois rivais.
(Reportagem adicional de Nelson Banya, em Manicaland; e MacDonald Dzirutwe e Stella Mapenzauswa, em Harare)
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