Garota de Chibok lembra libertação "milagrosa" do Boko Haram e se reúne com família
Por Adaobi Tricia Nwaubani
YOLA, Nigéria (Reuters) - Quando militantes do Boko Haram decidiram soltar algumas das 200 garotas de uma escola em Chibok que foram sequestradas dois anos e meio atrás no nordeste da Nigéria, Asabe Goni não se permitia sonhar que estaria entre aquelas com permissão para voltar para casa.
Durante o período de cativeiro, as garotas eram encorajadas a se converterem ao islamismo e a se casarem com seus sequestradores. Algumas foram chicoteadas por se recusarem, mas Goni disse que, com exceção disso, todas eram bem tratadas e bem alimentadas até recentemente, quando os suprimentos ficaram escassos.
Com fome e doente, a jovem de 22 anos não tinha energia sequer para se levantar em outubro, quando os militantes islâmicos disseram que todas as garotas que quisessem ser soltas deveriam se levantar. Ela apenas se sentou e observou outras garotas alinhando-se.
"Eu fiquei surpresa quando eles anunciaram que meu nome estava na lista", disse Goni à Thomson Reuters Foundation, na primeira entrevista à mídia internacional de uma das 21 garotas libertadas.
"Foi um milagre", afirmou ela, lamentando ter deixado sua prima, que também foi sequestrada, para trás.
Um grupo de 21 garotas foi libertado dois meses atrás, depois que a Suíça e a Cruz Vermelha intermediaram um acordo com o Boko Haram. Desde então, elas estão sendo mantidas em um local secreto na capital Abuja para passarem seus testemunhos ao governo nigeriano.
"Eu sentia muita dor", disse. "Muitas de nós não parávamos de chorar até três meses depois de sermos sequestradas."
Apesar de as garotas não terem sido forçadas a se converter ao islamismo, os militantes disseram que elas iriam todas ser enviadas para casa se fizessem isso, disse Goni. Também não foram forçadas a se casar, acrescentou.
"Mas o jeito como falavam conosco sobre isso, você ficaria com medo de não aceitar", ela afirmou, lembrando como as garotas eram algumas vezes chicoteadas. "Foi por isso que algumas se convenceram."
Goni disse que as garotas eram, em geral, bem tratadas pelos militantes. Recebiam material para costurar roupas e eram alimentadas três vezes por dia até recentemente, quando a comida ficou escassa.
As garotas disseram a autoridades que não foram abusadas ou estupradas pelos militantes, e todas testaram negativo para doenças sexualmente transmissíveis, de acordo com um relatório confidencial baseado nas duas semanas de testemunhos que foi visto pela Thomson Reuters Foundation em novembro.
Autoridades nigerianas dizem estar envolvidas em negociações com o objetivo de garantir a libertação de mais meninas. Neste sábado, o exército capturou um importante campo do Boko Haram na floresta de Sambisa.
(Texto de Kieran Guilbert)
((Tradução Redação Brasília, 5561 3426-7021)) REUTERS MA
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