BRF promete ajustar modelo de gestão para corrigir erros após resultado fraco
SÃO PAULO (Reuters) - A BRF está ajustando seu modelo de gestão a fim de corrigir erros e lidar com dificuldades que pressionaram os resultados da companhia no quatro trimestre e em 2016, ano marcado por um ambiente adverso para a empresa, afirmaram executivos da multinacional de alimentos nesta sexta-feira.
"Não queremos ficar à mercê dos ciclos", afirmou o presidente do conselho de administração da companhia, Abílio Diniz, em teleconferência com analistas sobre balanço do quarto trimestre e de 2016, destacando a criação de um comitê de gestão para corrigir os erros, em particular na ligação entre a cadeia produtiva e o consumidor.
A companhia também informou que contratou a consultoria BCG para definir um novo caminho para as melhoras.
A BRF teve prejuízo líquido de 460 milhões de reais no quarto trimestre, ante lucro de 1,415 bilhão de reais no mesmo período de 2015, dado um cenário de custos ainda elevados, volumes fracos no mercado doméstico e práticas de preços menores para defender fatia de mercado em regiões importantes.
Às 11:52, os papéis da BRF na Bovespa caíam 0,62 por cento, a 40,35 reais. No mesmo horário, o índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caía 1,07 por cento.
De acordo com Diniz, que se disse "inconformado" com os resultados, é preciso ajustar e ligar a cadeia produtiva ao consumidor, que ficou interrompida no processo de descentralização da companhia nos últimos anos. "Isso nos causou problemas, é algo que estamos corrigindo agora."
A agenda do comitê inclui grande ênfase no controle de gestão, não de contabilidade, mas de informação e análise para os gestores, além de reestruturação no marketing estratégico, entre outros temas, afirmaram os executivos.
"Na busca genuína de preservar parâmetros diferentes de rentabilidade, perdemos perspectiva do todo", disse o presidente-executivo da BRF, Pedro Faria, acrescentando que o modelo da empresa mostrou em 2016 que a mesma não estava preparada para agir sob impacto do ambiente mais adverso.
Os executivos acrescentaram que veem sinais de recuperação nos mercados doméstico e externo. Faria, contudo, acrescentou que a empresa está ainda trabalhando com elevado nível de estoque, o que está forçando decisões difíceis de liquidação dos mesmos.
Após rodada de alta de preços em dezembro, Faria afirmou que, olhando para a pressão de custos em 2017, não vê necessidade de a empresa aumentar preços, com as categorias bem posicionadas. "Vamos surfar esse cenário mais benigno na entrada de 2017", estima.
Diniz também afirmou que a empresa quer levar a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para patamares já registrados pela companhia, após a forte queda apurada no quarto trimestre, para 6,5 por cento ante 21 por cento no mesmo período de 2015.
Em 2016, a margem Ebitda ficou em 10,1 por cento contra 17,2 por cento no ano anterior.
"Apesar de ainda acreditar que a melhoria da dinâmica do ciclo acabará ajudando uma tendência de recuperação das margens ao longo de 2017, parece que a execução continua a ser um desafio", disse o analista do Santander Brasil Ronaldo Kasinsky em nota a clientes após a teleconferência.
Na visão dele, tal quadro deve continuar a impedir a melhoria da dinâmica operacional e poderá continuar a gerar resultados decepcionantes no curto prazo. "Nós mantemos nossa recomendação de compra dada a nossa visão estrutural positiva para a empresa, mas esperamos que a volatilidade continue no curto prazo."
(Por Paula Arend Laier e Brad Haynes)
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