Fotógrafos registram eleitores votando mais de uma vez nas eleições russas
Ludmila Sklyarevskaya, administradora de hospitais, votou no domingo (18) na eleição que deu a Vladimir Putin outro mandato como presidente da Rússia. Então ela foi para outra mesa e votou novamente, segundo repórteres da Reuters que observaram seu movimento.
Sklyarevskaya, que negou ter feito qualquer coisa errada, estava entre 17 pessoas fotografadas pela Reuters computando seus votos em mais de um local de votação, na cidade de Ust-Djeguta, sul da Rússia.
Muitos pareciam ser funcionários do governo, e muitos chegaram aos locais de votação em grupo e em mini-ônibus com nomes do serviço estatal.
Um funcionário do hospital onde Sklyarevskaya trabalha confirmou que a mulher na foto nas duas mesas de votação era ela e a identificou como diretora interina de saúde e segurança.
Votar duas vezes é uma contravenção na lei russa, penalizada com multa. Ao ver as fotos de pessoas votando duas vezes, a mesária Leila Koichuyeva respondeu à reportagem: "Pode ser que sejam gêmeos".
Quando confrontada, Sklyarevskaya respondeu: "Não sou eu".
A Reuters conseguiu conversar com sete das 17 pessoas capturadas em fotografias votando duas vezes. Elas ou negaram terem feito isso ou se negaram a comentar.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que há procedimentos estabelecidos para violações notificadas. "Se esses relatos da respeitada agência de notícias Reuters forem apoiados por depoimentos dos observadores que estavam nos locais de votação, então é uma preocupação. Se não são apoiados, não nos preocupa", disse.
Os opositores de Putin e observadores independentes disseram que a votação de domingo foi distorcida em diversos locais do país, a partir de uma variedade de truques, para inflar os números de Putin.
O atual presidente é extremamente popular, mas uma taxa de comparecimento baixa nas eleições não teria lhe dado a legitimidade necessária para governar. No final, ele venceu as eleições com mais de 70% dos votos.
A Reuters presenciou outras irregularidades, embora em menor escala. Em todos os locais de votação de Ust-Djeguta, o comparecimento declarado pelo governo foi maior do que aquele contabilizado pela Reuters. Em um caso a diferença chegou a 528 votos.
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