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Atirador mata 11 em ataque contra judeus em sinagoga de Pittsburgh

28/10/2018 13h40

Por John Altdorfer e Chriss Swaney

PITTSBURGH (Reuters) - Um atirador gritando "Todos os judeus devem morrer" invadiu uma sinagoga em Pittsburgh durante o culto de sábado e matou 11 pessoas, deixando outras seis feridas, incluindo quatro policiais, antes de ser preso.

Robert Bowers, 46, de Pittsburgh, foi levado para custódia policial depois de trocar tiros com uma equipe da SWAT. Procuradores federais apresentaram 29 acusações de crime, incluindo emprego de violência e uso de armas de fogo, além de violação de leis dos direitos civis dos Estados Unidos.

As 11 vítimas que foram mortas na sinagoga, no ataque mais fatal na história da comunidade judaica nos EUA, tinham idade entre 54 e 97 anos, disseram autoridades norte-americanas.

Bowers, que deu declarações sobre genocídio e seu desejo de matar judeus durante o ataque, fará sua primeira apresentação perante um juiz na tarde de segunda-feira, disse o procurador Scott Brady, durante coletiva de imprensa.

"As ações de Robert Bowers representam o pior da humanidade. Estamos dedicando todos os recursos do meu gabinete para investigar e processar este crime federal de ódio", disse Brady.

"O fato de o ataque ter acontecido durante um serviço religioso torna o evento ainda mais hediondo."

Mais cedo, o secretário de Justiça, Jeff Sessions, disse que procuradores federais poderiam pedir a pena de morte.

O agente especial Bob Jones, do FBI, que está liderando as investigações, disse que a cena do crime foi a pior que ele viu em 22 anos no FBI. Ele disse acreditar que Bowers agiu sozinho, acrescentando: "Nós não temos conhecimento de que ele era conhecido pela polícia antes de hoje."

Jones disse que Bowers estava armado com um rifle de assalto e três pistolas. Ele disse que autoridades acreditam que o suspeito entrou na sinagoga, assassinou os fiéis e estava indo embora quando encontrou um policial uniformizado. Os dois trocaram tiros, disse Jones, e Bowers retornou ao prédio antes que a equipe da SWAT chegou. Depois de um tiroteio, ele se rendeu.

As vítimas foram levadas para hospitais da área, incluindo uma mulher de 61 anos, um homem de 70 anos e um policial de 55 anos. Nenhuma criança foi morta, disseram autoridades.

Entre os mortos estão dois irmãos na casa dos 50 anos e um casal de 80, de acordo com uma lista de vítimas divulgada pelas autoridades.

Duas das pessoas feridas estavam em condição crítica e três outras, incluindo um policial, estavam estáveis. Um policial foi socorrido e recebeu alta no sábado.

Logo após os relatos do tiroteio, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse em um tuíte que estava acompanhando o que descreveu como uma situação "devastadora".

Ele também classificou o episódio como um ato de puro mal, pedindo que os americanos não cedam ao ódio e ordenou que as bandeiras dos Estados Unidos na Casa Branca e prédios públicos seja hasteada a meio-pau. Ele disse que visitaria Pittsburgh, mas não disse quando.

O ataque aconteceu depois de uma série de bombas terem sido enviadas nos últimos dias para importantes figuras políticas, a maioria do Partido Democrata, incluindo o ex-presidente Barack Obama, antes da eleição para o Congresso no dia 6 de novembro.

"Nós vamos sobreviver ao dia mais sombrio da história de Pittsburgh trabalhando juntos", disse o prefeito da cidade, Bill Peduto, a repórteres.

MÍDIA SOCIAL

Um post de Bowers em mídia social disse que uma organização de refugiados judeus, a Sociedade de Ajuda ao Imigrante Hebreu, "gosta de trazer invasores que matam nosso povo. Eu não posso sentar e ver meu povo ser morto".

O tiroteio, no qual um policial federal disse que Bowers usou um rifle AR-15, acionou alertas de segurança em casas de culto em todo o país.

A polícia cercou a sinagoga da Árvore da Vida, no bairro de Squirrel Hill, área fortemente judaica. A sinagoga estava realizando um serviço religioso do Shabat.

A polícia normalmente só está presente na sinagoga para segurança nos feriados, disse Michael Eisenberg, ex-presidente da sinagoga, à KDKA.

"Em um dia como hoje, a porta está aberta, é um serviço religioso, você pode entrar e sair", disse ele.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse estar com o coração partido, descrevendo o ataque como "horrenda brutalidade antissemita".

Na hora do tiroteio, três congregações que somavam mais de 100 pessoas estavam usando o prédio, disse Eisenberg. A maioria dos fiéis era de pessoas mais velhas, de acordo com um ex-rabino entrevistado pela mídia local.

Bowers foi levado a um hospital onde ele deu entrada em condição boa e com múltiplos ferimentos por arma de fogo.

Trump disse a repórteres mais tarde que as mortes poderiam ser evitadas se houvesse um guarda armado no prédio.

"Se eles tivessem algum tipo de proteção dentro do templo, talvez isso pudesse ter sido uma situação bem diferente, eles não tinham", disse ele, quando perguntando se havia alguma ligação com leis de controles de armas nos EUA.

O prefeito de Pittsburgh, entretanto, disse que guardas armados não teriam impedido a violência.

"Nós estamos lidando com um comportamento irracional. Não há como racionalizar com uma pessoa que entra em uma sinagoga durante um serviço religioso e tira a vida de 11 pessoas."

(Reportagem adicional de Alex Dobuzinskis, Steve Gorman Jarrett Renshaw, Mark Hosenball, David Brunnstrom, Timothy Gardner, Yeganeh Torbati, Mark Hosenball e Sybille de La Hamaide)