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Candidato de oposição no Congo assume liderança para eleição presidencial de domingo

28/12/2018 10h48

Por Giulia Paravicini e Fiston Mahamba

KINSHASA (Reuters) - O candidato de oposição Martin Fayulu é o franco favorito para vencer a muito adiada eleição presidencial de domingo na República Democrática do Congo, indicou pesquisa nesta sexta-feira, embora o desfecho continue incerto depois que a votação foi cancelada em diversos redutos da oposição.

Tumultos irromperam em Beni, no leste do país, na quinta-feira depois que a decisão de cancelar a votação na cidade e em outras áreas foi vista como uma manobra para suprimir o apoio à oposição, ao invés de uma precaução devido a um surto de Ebola e à violência de milícias.

A eleição de domingo tem como objetivo concretizar a primeira transição de poder democrática do país centro-africano, mas a oposição tem questionado reiteradamente se os resultados da votação refletirão o sentimento do eleitorado devido a temores generalizados de fraude.

A pesquisa mais recente, realizada por um grupo de pesquisa filiado à Universidade de Nova York, mostrou Fayulu saltando da terceira posição que ocupava em outubro à liderança, com 44 por cento de apoio. Ele está a frente do antigo favorito, o líder opositor Felix Tshisekedi, com 23 por cento, e do candidato do partido governista, Emmanuel Ramazani Shadary, que aparece com 18 por cento.

"As pesquisas revelam um eleitorado ansioso por mudança. Uma grande maioria apoia a oposição", disse em comunicado o Grupo de Pesquisa do Congo (CRG), que encomendou o levantamento.

"Fayulu... é o franco favorito para vencer as eleições se elas forem livres e justas", disse o CRG.

Ex-diretor da Exxon Mobil, Fayulu era pouco conhecido quando foi escolhido como candidato conjunto de uma coalizão opositora em novembro, mas uma campanha abrangente --que incluiu Beni, atingida pelo Ebola-- tem destacado seu perfil.

Nesta semana, sua coalizão se opôs à decisão da comissão eleitoral (Ceni) de cancelar a votação em Beni, Butembo e nas áreas vizinhas, assim como em Yumbi, cidade do oeste do país.

Autoridades locais disseram que a exclusão das cidades tem como objetivo aumentar as chances de Shadary, ex-ministro do Interior que o presidente Joseph Kabila escolheu como seu sucessor.

A frustração cresceu em todo o país devido aos sucessivos adiamentos na marcação da eleição após o fim do mandato de Kabila, no final de 2016. Uma decisão de última hora de adiar o pleito em uma semana para 30 de dezembro elevou ainda mais a tensão.