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Mourão questiona até onde vai apoio dos militares venezuelanos a Maduro

O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, deixa o prédio da vice-presidência, em Brasília - Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo
O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, deixa o prédio da vice-presidência, em Brasília Imagem: Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo

Mateus Maia

24/01/2019 18h02

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente em exercício, Hamilton Mourão, questionou nesta quinta-feira até onde vai o apoio dos militares venezuelanos ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e disse que seria melhor o mandatário deixar o cargo o quanto antes.

Na véspera, o líder da oposição venezuelana e presidente da Assembleia Nacional daquele país, Juan Guaidó, se declarou presidente interino, sendo reconhecido como tal pelos Estados Unidos, Brasil e outros países. Mas a Rússia, México e alguns outros países declararam apoio ao governo Maduro.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse nesta quinta-feira que Maduro é o presidente legítimo e que a oposição tenta realizar um golpe.

Questionado sobre se o apoio dos militares a Maduro seria motivo de preocupação, Mourão negou.

"Porque eu não sei até onde isso é verdade. Isso é igual votação no Congresso, só quando sair o negócio pra valer mesmo vamos ver até onde os militares vão apoiar o Maduro."

Para Mourão, uma solução para a crise venezuelana seria simplesmente Maduro deixar o país vizinho junto com seu "bandão".

"Eu já falei isso várias vezes. Uma solução é o Maduro ir embora né, embarca lá com o bandão lá para algum país aí que o receba. Pronto. Segue o baile e a Venezuela volta a tentar se reorganizar democraticamente", disse.

Ao reconhecer Guaidó como presidente interino, o Brasil prometeu ajudar "política e economicamente o processo de transição".

CIRURGIA

Mourão também negou que assumiria novamente o governo durante a cirurgia a que será submetido o presidente Jair Bolsonaro, na próxima segunda-feira.

"O presidente continua em função. Minha única responsabilidade será presidir a reunião do conselho de governo na terça-feira", explicou.

A expectativa é que Bolsonaro siga despachando do hospital Albert Einstein, onde será operado, em São Paulo.

PREVIDÊNCIA

Questionado sobre uma fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que as alterações na Previdência dos militares seria tocada ao mesmo tempo que o projeto para os trabalhadores no Congresso, o presidente em exercício voltou a defender que as propostas sejam enviadas de forma separada. Contudo, reiterou que a palavra final é de Bolsonaro.

"São apresentadas ao presidente (propostas para a previdência) e o presidente decide", disse Mourão. "Eu tenho a minha opinião, Fernando tem a dele, o Paulo Guedes tem a dele", afirmou, citando o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.

E continuou: "Eu apresento vantagens e desvantagens, Paulo Guedes apresenta vantagens e desvantagens, para isso que ele ganha mais, para ter que decidir. A decisão é dele (Bolsonaro)."

Mourão repetiu que as mudanças para os militares é de mais fácil aprovação, já que não envolve mudança na constituição como a dos civis.

"Aquela história do primeiro e do segundo momento (para enviar as propostas) é porque a nossa (militares) é mais fácil de ser aprovada. Então de repente você, é aprovada a dos militares e não aprova a dos outros", argumentou.

Desta forma, sugeriu que se enviasse primeiro a proposta mais complexa, de mudança constitucional, que precisa de três quintos do Congresso para ser aprovada e então que propusessem a dos militares. Este, um projeto de lei que demanda maioria simples para passar.

(Reportagem de Mateus Maia)