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Anvisa pode aprovar vacina russa nos próximos dias, diz presidente de farmacêutica

União Química diz que aprovação para uso emergencial da vacina Sputnik contra covid pode sair daqui dois ou três dias - Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo
União Química diz que aprovação para uso emergencial da vacina Sputnik contra covid pode sair daqui dois ou três dias Imagem: Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo

Anthony Boadle

23/03/2021 20h34

A empresa farmacêutica brasileira que planeja produzir a vacina russa contra a Covid-19, a Sputnik V, anunciou nesta terça-feira que espera superar os obstáculos regulatórios "em dois ou três" dias para obter a autorização para fabricar e vender o imunizante no Brasil.

Após videoconferência de 5 horas com executivos da União Química e membros do Instituto Gamaleya de Moscou, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que ainda faltam informações para aprovar a vacina.

"A Anvisa ainda exige alguns esclarecimentos de Moscou do teste de Fase 3. Esperamos satisfazer em dois ou três dias", disse o presidente e proprietário da empresa, Fernando Marques, à Reuters.

A União Química solicitou a autorização de uso emergencial há mais de dois meses e Marques reclamou que "interesses políticos" haviam atrasado o processo de aprovação para a vacina que está sendo utilizada na Rússia e em outros 40 países.

Marques disse que a empresa ainda espera iniciar a produção da vacina em abril em sua fábrica em Brasília, mas uma remessa oferecida por Moscou de 10 milhões de doses foi perdida.

Com o Brasil em necessidade urgente de vacinas para combater a pandemia descontrolada de Covid-19 que tornou o país o epicentro mundial da doença, uma outra fonte de doses tem sido buscada pelos governos estaduais, descontentes com o lento programa de vacinação federal.

Até agora, menos de 8% da população de 210 milhões recebeu a primeira dose da vacina, e menos de 3% tomou as duas doses, enquanto as mortes por Covid-19 dispararam para o nível mais alto de toda a pandemia nas últimas duas semanas, impulsionadas por uma contagiosa nova variante local.

A Anvisa disse em nota que a reunião lidou com questões "críticas" que ainda não foram respondidas pelos desenvolvedores da Sputnik V, incluindo os resultados completos dos estudos de estágio avançado na Rússia e o acesso ao banco de dados de estudos sobre o imunizante.

A agência também quer detalhes referentes ao controle de qualidade da produção na Rússia, embora tenha certificado a linha de produção baseada em um relatório turco elaborado para outro produto.