Castillo chega mais perto de vitória no Peru e Keiko Fujimori planeja batalha jurídica
Por Marcelo Rochabrun e Marco Aquino
LIMA (Reuters) - O socialista Pedro Castillo estava mantendo uma vantagem minúscula na eleição presidencial profundamente dividida do Peru nesta quarta-feira após o processamento de quase todos os votos, enquanto a candidata de direita Keiko Fujimori prepara uma batalha jurídica sobre o resultado de uma votação que tem gerado disputas políticas e volatilidade nos mercados.
Castillo, filho de agricultores analfabetos que assusta a elite política da nação andina e tem apoio enorme entre os pobres do interior, tinha 50,2% dos votos com 99,5% das urnas apuradas, só 0,4% ponto percentual e quase 70 mil votos de diferença para Keiko Fujimori.
Mas a contagem é preliminar, porque cerca de 300 mil votos são questionados, o que exigirá uma análise mais atenta de uma comissão eleitoral --um processo que levará vários dias e pode mudar o resultado.
A contagem avançava enquanto as cédulas chegavam de áreas muito remotas, em um processo que recebeu denúncias de supostas fraudes de ambos os candidatos, em especial de Keiko, que fez acusações de "fraude de mesa", fazendo eco de disputas judiciais nos Estados Unidos nas eleições do ano passado.
Especialistas e observadores eleitorais internacionais dizem que a eleição peruana foi limpa, mas as alegações de Keiko Fujimori podem desencadear dias de confusão e tensão em meio a uma votação polarizada, com grupos de ambos os lados protestando nas ruas de Lima.
“As pessoas já estão cansadas, se continuarem atropelando nossos direitos que nosso presidente já ganhou, vamos entrar em uma luta social”, disse Justiniano Ilario, professor que apoiava Castillo durante um protesto.
Luis Cano, usando um boné "Keiko" em outra manifestação de rua, afirmou que os oponentes da candidata estavam usando táticas de caráter autoritário.
Keiko Fujimori diminuiu a desvantagem ligeiramente de madrugada, quando chegaram quase todos os votos do exterior, que favorecem a candidata conservadora, mas não o suficiente para conter a dianteira de Castillo, como ela torcia, o que faz dos votos contestados sua última chance em potencial.
"É improvável que a esta altura Fujimori ultrapasse Castillo", opinou David Sulmont, professor de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Peru e ex-chefe de sua unidade de pesquisa eleitoral.
"É uma das eleições mais apertadas do país", acrescentou. "A margem pode continuar variando, mas acho que Castillo será o vencedor."
Uma vitória de Castillo, um professor que surpreendeu ao vencer o primeiro turno de abril, marcaria um grande avanço para a esquerda da América Latina em meio ao descontentamento crescente com a pobreza e a desigualdade, acentuadas pela pandemia de Covid-19.
Na noite de terça-feira, Castillo chegou perto de clamar a vitória. "Já temos a contagem oficial do partido, na qual o povo venceu esta luta", disse ele aos apoiadores, fazendo referência a uma soma de votos extraoficial realizada por sua sigla, Peru Livre.
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