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Magnata russo Tinkov condena "guerra maluca" na Ucrânia

19/04/2022 13h58

(Linguagem no 9º parágrafo pode ofender alguns leitores)

LONDRES (Reuters) - O magnata russo Oleg Tinkov condenou nesta terça-feira o que chamou de "guerra maluca" de Moscou na Ucrânia, dizendo que 90% de seus compatriotas não apoiam a invasão e pediu ao Ocidente que ofereça a Vladimir Putin uma maneira digna de retirada.

"Não vejo um único beneficiário desta guerra maluca! Pessoas e soldados inocentes estão morrendo", escreveu Tinkov, que fundou o Tinkoff Bank, o segundo maior emissor de cartões de crédito da Rússia, em um post no Instagram, um dos ataques mais francos contra o conflito feito por um magnata russo.

O presidente Putin ordenou a invasão de tropas na Ucrânia em 24 de fevereiro no que ele chama de "operação militar especial" para desmilitarizar e "desnazificar" o país.

Kiev e governos ocidentais rejeitam esses argumentos como falsos pretextos para um ataque e impuseram sanções contra empresas e indivíduos russos --incluindo Tinkov-- em uma tentativa de forçar Putin a recuar.

Vários bilionários russos pediram publicamente a paz, mas muitos russos se uniram ao Kremlin, que conseguiu apoio com uma campanha publicitária usando o logotipo "Z" das Forças Armadas.

"Claro que existem idiotas que desenham Z, mas 10% de qualquer país são idiotas. 90% dos russos são CONTRA esta guerra!" escreveu Tinkov, que negou ter qualquer relação próxima com Putin ou o Kremlin.

"As autoridades do Kremlin estão chocadas que nem elas nem seus filhos vão para o Mediterrâneo no verão. Os empresários estão tentando salvar o restante de suas propriedades", disse ele.

A ofensiva russa na Ucrânia rapidamente parou diante da forte resistência ucraniana e Moscou abandonou os ataques à capital Kiev, no norte do país, para lançar uma nova ofensiva no leste.

"Os generais (russos), acordando de ressaca, perceberam que tinham um Exército de merda", escreveu Tinkov. "E como o Exército pode ser bom se tudo no país é uma merda e está atolado em nepotismo, bajulação e servilismo?"

Mudando para o inglês, Tinkov escreveu: "Querido 'Ocidente coletivo', por favor, dê ao sr. Putin uma saída clara para salvar sua cara e parar este massacre. Por favor, seja mais racional e humanitário."

Tinkov detém cerca de 35% da TCS Group Holding, com sede em Chipre, cujas empresas sob a marca Tinkoff abrangem setores de bancos e seguros a serviços de telefonia móvel. O preço das ações da empresa despencou este ano.

Tinkov, de 54 anos, deixou o cargo de presidente do Tinkoff Bank em 2020. A TCS disse no mês passado que Tinkov não ocupava nenhum cargo de tomada de decisão e as sanções contra ele não afetariam a empresa.

Não está claro se Tinkov está atualmente na Rússia.

(Reportagem da Reuters)